"Análise feita pela presidenta NDB" -

Dívida de países ricos prejudica países menos desenvolvidos, diz Dilma

O endividamento dos países ricos está comprometendo o crescimento econômico das nações menos desenvolvidas, ao reduzir investimentos e prejudicar o combate às desigualdades. A análise foi feita pela presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, durante a 9ª conferência anual da instituição, realizada na Cidade do Cabo, África do Sul, nesta sexta-feira (30/08).

Dilma apontou que uma grande parte dos capitais disponíveis no mercado financeiro é utilizada para financiar dívidas públicas de economias avançadas. Segundo ela, essa situação dificulta a capacidade dos países do Sul Global de reduzir a pobreza, combater a desigualdade, investir em infraestrutura e ampliar o acesso a direitos essenciais como educação, saúde e habitação.

“De acordo com estimativas do Banco Mundial, as dez maiores economias desenvolvidas do mundo possuem uma dívida combinada de cerca de US$ 87 trilhões. O financiamento dessas dívidas consome uma parte significativa da liquidez disponível nos mercados internacionais. Essa liquidez poderia, de outra forma, ser direcionada para financiar a dívida de países em desenvolvimento e garantir os investimentos necessários para um crescimento sustentável”, afirmou Dilma.

Foto: Rafaela Felicciano/MetrópolesDilma

Com a predominância dos fluxos financeiros para os países mais ricos, as economias em desenvolvimento e subdesenvolvidas, afirmou a presidenta do NDB, têm mais dificuldade em obter recursos no mercado internacional e em rolar (renovar) as dívidas. Isso porque a menor disponibilidade de recursos se reflete em juros mais altos para os países não ricos.

“Para os países em desenvolvimento, a dívida torna-se um fardo excessivo. Como sabemos, o espaço fiscal é essencial para garantir que os governos possam investir simultaneamente em ações de desenvolvimento, combater as mudanças climáticas e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, a dívida dos países em desenvolvimento está crescendo muito e muito rápido”, salientou Dilma.

Sugestões

A presidenta do NDB apresentou duas sugestões para aumentar os recursos disponíveis para as economias não ricas. A primeira é a canalização da liquidez internacional para os países em desenvolvimento e reduzir o peso das altas taxas de juros. A segunda é o desenvolvimento de alternativas, como financiamentos em moedas locais desatrelados ao dólar, para ampliar o espaço fiscal para investir.

“Novas soluções financeiras são necessárias para mercados emergentes e países em desenvolvimento. Diversificar as fontes de financiamento e usar uma cesta de moedas mais ampla melhora a resiliência econômica contra choques associados às decisões de política monetária. Isso pode fortalecer a situação fiscal, possibilitando o financiamento de logística, infraestrutura social e digital, habitação, água e saneamento, educação e saúde”, acrescentou Dilma. Ela prometeu ampliar para até 30% do total o volume de crédito em moedas locais para os países tomadores.

Em seu discurso, Dilma afirmou que o NDB está montando plataformas orientadas para o desenvolvimento sustentável em moeda local. Entre as prioridades da instituição, disse a presidenta do banco, está o oferecimento de financiamento verde (crédito para projetos ambientais e de desenvolvimento sustentável) para os países membros.

Brics

Originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics ganhou a adesão de cinco países no início do ano: Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, que formam o Brics+. Fundado em 2014 e em funcionamento desde 2016, o NDB financia obras de infraestrutura e projetos de sustentabilidade em países emergentes. A instituição compete com outros bancos multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Em 2021, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh entraram no NDB. Atualmente, a instituição trabalha para a adesão de mais países.

Fonte: Agência Brasil

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