
Banco Central: setor público registra déficit de 0,4% do PIB em 2024
O setor público consolidado, que engloba União, estados, municípios e estatais, registrou um déficit primário de R$ 47,6 bilhões em 2024, equivalente a 0,4% do PIB, informou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira (31/01). O resultado representa uma melhora significativa em relação a 2023, quando o déficit foi de R$ 249,1 bilhões (2,28% do PIB).

Em dezembro de 2024, o setor público registrou um superávit primário de R$ 15,7 bilhões, revertendo o déficit de R$ 129,6 bilhões do mesmo mês em 2023. A melhora se deve, em grande parte, à ausência do pagamento de precatórios, que em 2023 somaram R$ 92,4 bilhões.
Segundo o BC, em dezembro, o Governo Central e as empresas estatais apresentaram superávits de R$ 26,7 bilhões e R$ 1 bilhão, respectivamente, enquanto os governos regionais registraram um déficit de R$ 12 bilhões.
Juros e endividamento
Os juros nominais do setor público consolidado somaram R$ 950,4 bilhões (8,05% do PIB) em 2024, acima dos R$ 718,3 bilhões (6,56% do PIB) registrados em 2023. Em dezembro, os juros nominais atingiram R$ 96,1 bilhões, contra R$ 63,9 bilhões no mesmo mês do ano anterior.
A autoridade monetária destacou que as operações de swap cambial impactaram esse resultado, com um ganho de R$ 6,6 bilhões em dezembro de 2023, mas prejuízo de R$ 19,9 bilhões em dezembro de 2024.
O resultado nominal do setor público, que inclui o déficit primário e os juros nominais, foi negativo em R$ 998 bilhões (8,45% do PIB) em 2024, comparado a R$ 967,4 bilhões (8,84% do PIB) em 2023. Em dezembro, o déficit nominal somou R$ 80,4 bilhões, contra R$ 193,4 bilhões no mesmo período de 2023.
Dívida pública
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) encerrou 2024 em R$ 7,2 trilhões, correspondendo a 61,1% do PIB, um aumento de 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao ano anterior. O crescimento foi impulsionado pelos juros nominais (+8,0 p.p.), o déficit primário (+0,4 p.p.), o reconhecimento de dívidas e o impacto da desvalorização cambial de 27,9% no ano.
Fatores como os ajustes na dívida externa líquida (-0,3 p.p.), privatizações (-0,3 p.p.) e o crescimento do PIB nominal (-4,4 p.p.) ajudaram a compensar parte da alta.
Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que inclui o governo federal, INSS e governos estaduais e municipais – atingiu 76,1% do PIB, totalizando R$ 9 trilhões em 2024.