História do Piauí -

Antiga Fazenda Serra Negra guarda muito da história do PI

Localizada na divisa dos municípios de Aroazes e Santa Cruz dos Milagres, a antiga Fazenda Serra Negra, que data do século XVIII, ainda guarda parte da nossa história. Seu dono, Luís Carlos Pereira Abreu Bacelar, tinha tantos escravos quanto prazer em torturá-los.

A prova concreta da existência de Luís Carlos é a antiga casa de quatorze cômodos em que ele viveu a 181 quilômetros de Teresina. A construção sólida tem paredes de quase oitenta centímetros de largura, armadores gigantescos e estrutura de carnaúba na sua cobertura, conta ainda no seu entorno, com a existência de ruínas dos currais de pedra.

Mas a riqueza histórico/ arquitetônico/cultural não se limita à edificação que abrigou a antiga sede da Fazenda Serra Negra; no imóvel rural há também a Capela de Nossa Senhora de Santana, a Pedra de Santo Antônio, assim denominada por sua semelhança com uma imagem de Santo Antônio, bem como patrimônio pré-histórico no Sítio Arqueológico Letreiro da Pedra Furada, também conhecido como Buriti Grande.

Em razão dessa grande importância histórica e cultural, este casarão do século XVIII é objeto de um Procedimento Prévio Investigatório (PPI) instaurado pelo Ministério Público Estadual para apurar o grau da sua degradação e propor medidas no sentido de sua preservação.

O imóvel é tombado em nível estadual pelo Decreto nº 12.135, de 15/03/06, pela Lei nº 4.515 de 09/011/92 que dispõe sobre a proteção do Patrimônio Cultural do Piauí, cabendo à Coordenação de Registro e Conservação da Fundação Cultural do Piauí a sua fiscalização e proteção.

Todo esse processo se fortaleceu a partir de denúncia formalizada pela Fundação Velho Monge. Consequentemente, o Ministério Público instaurou procedimento prévio investigatório para apurar a degradação da fazenda. O imóvel abriga sítios arqueológicos que remetem aos processos de colonização, povoamento e independência do Piauí.

“Serra Negra foi a mais fértil das fazendas de gado numa época em que a pecuária extensiva era a principal atividade econômica do estado. Boa parte das construções resiste à ação do tempo. Os paredões de pedra exibem marcas de civilizações extintas.

A Pedra de Santo Antônio e o Sítio Arqueológico Letreiro da Pedra Furada também contribuem para confirmar o inestimável valor histórico do bem. O local ainda é dotado de uma exuberante beleza natural”, ressalta a arquiteta da Fundação Cultural do Piauí, Patrícia Mendes.

Recentemente foi realizada em Teresina, no Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes, uma audiência para que as entidades públicas e privadas envolvidas tomassem providências no sentido de desenvolver projetos de restauração e de preservação contínua para a fazenda, dada a sua importância histórica e cultural.

Uma equipe técnica formada por profissionais especializados deverá acompanhar todo o processo, sendo formada por Patrícia Mendes (Fundac), Severino Santos (Fundac), Claudiana Cruz (IPHAN-PI), Elaine Ignácio (UFPI), Alberita Nunes (Setur), Daniel Oliveira (Uespi), Benedito Rubens (Fundação Velho Monge), arquiteto Olavo Pereira, Conceição Lage (Conselho Estadual de Cultura) e professor Wenceslau Gomes.

Foram fixadas algumas diretrizes, entre elas a elaboração de projetos para restauração da edificação, mediante assessoramento da Fundação Cultural do Piauí; elaboração de projeto pelo IPHAN para preservação do sítio arqueológico e de educação patrimonial com o apoio da Fundac;

Projeto de Preservação do Patrimônio Imaterial pelo município de Aroazes, sendo que se buscará a cooperação técnica com UFPI e UESPI; e Inventário Turístico do município, para o qual será solicitada a participação da SETUR.

A Fundação Cultural do Piauí, juntamente com o Ministério Público, lembra a necessidade de que sejam aplicados recursos no sentido de transformar a propriedade num ponto de visitação turística, de forma a possibilitar à população o acesso ao seu patrimônio e a movimentar a economia da região.

Fonte: Com Informações Do Jornal Meio Norte

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