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Senado realiza sessão em homenagem a Petrônio Portella

Com Petrônio Portella, o Piauí chegou bem perto de ter um presidente da República. Ele faleceu como ministro da Justiça aos 54 anos de idade na iminência de ser indicato candidato de consenso das forças governistas na sucessão do presidente João Baptista Figueiredo.

Petrônio era considerado um dos mais habilidosos políticos do seu tempo. Foi ele quem articulou a distensão gradativa do regime militar por entender que ações abruptas poderiam gerar derramento de sangue.

Levou ao presidente Figueiredo a ideia de consolidar a abertura gradual proposta na gestão anterior, de Ernesto Geisel, começando pela anistia aos exilados políticos.

Isso permitiu não apenas a volta mas também candidaturas de políticos célebres como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Fernando Gabeira, dentre outros. Portella idealizou também a realização de eleições para governadores de estados, deputados estaduais, federais, vereadores e parte dos senadores em 1982, encerrando-se esta etapa com o pleito para prefeitos de capitais em 1985.

Foi grande articulador e pensou para si próprio a prerrogativa de convocar eleições presidenciais, o que deveria ser feito pelo primeiro presidente civil após anos de ditadura militar. Morreu antes.

Sua morte retardou a redemocratização, que deveria ocorrer em 82, em pelo menos cinco anos. O Senado vai prestar homenagem ao piauiense hoje por meio de sessão solene.

"Ele seria tranquilamente presidente da República. Era apenas uma questão de tempo", afirma o historiador Fonseca Neto, da Ufpi - Universidade Federal do Piauí.

Petrônio Portela foi deputado estadual, prefeito de Teresina, governador do estado, senador da República, presidente nacional da Arena, presidente do Congresso Nacional e ministro da Justiça do governo Figueiredo (1979-85).

Foi responsável por grandes obras no Piauí. Políticos da situação e oposição reconheciam seu empenho e êxito na redemocratização do país.

Também receberá homenagem no plenário do Senado com lançamento de livro biográfrico escrito pelo jornalista piauiense Zózimo Tavares. O jornalista conta sua vida em três capítulos, mostrando em como ele saiu de político não grato aos militares até chegar à condição de homem de confiança do regime.

Portella era governador do Piauí quando estourou o golpe de 64. Ele, a princípio, decidiu ficar ao lado de João Goulart e até ensaiou resistência, no Piauí, contra o golpe.

Enviou carta ao governador de Pernambuco, Miguel Arraes, considerado de esquerda, apoiando a permanência de Jango, porém ao perceber a dimensão do processo silenciou e aderiu conquistando, a partir de então, uma série de grandes realizações em favor do Piauí.

Em 1º de abril de 64, ele redigiu o seguinte documento oficial: "No momento de incertezas em que já vemos esclarecidos os objetivos do movimento de rebelião em vários estados da Federação, dirijo-me ao povo no cumprimento de um dever, para esclarecer, uma vez mais, minha posição de defesa do mandato do Sr. Presidente da República, Dr. João Goulart, e de protesto contra a ação revolucionária dos que antes faziam intocável a Constituição e hoje não vacilam em desrespeitá-la."

O governador Arraes foi preso pelo movimento golpista e recolhido a Fernando de Noronha. Petrônio retrocedeu em sua posição alegando agir "em nome dos interesses maiores do Piauí."

"O Petrônio era um político muito concentrado no que fazia. Ele tinha foco e só mudava de direção quando seu objetivo era alcançado", diz o ex-senador João Lôbo, seu contemporâneo em política.

REPÓRTER - Toni Rodrigues

CONFIRA ABAIXO CÓPIA DO DOCUMENTO EM QUE PETRÔNIO APÓIA JANGO

Fonte: None

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