OPOSIÇÃO / DISTÂNCIA -

Outros tempos, outros homens e poucos líderes

Muitos se perguntam qual o caminho da oposição no Piauí. O comportamento daqueles que concorreram contra o governo na última eleição parece confirmar que não existe oposição em nosso estado.

Melhor dizendo: que os opositores se reúnem apenas em época de campanha eleitoral e que logo depois de passado o pleito voltam a cuidar de suas coisas particulares, colocando a política de lado e também descartando a consolidação de um movimento contrário ao poder pelo que ele representa de ruim para a sociedade.

Claro que são os adversários que devem colocar publicamente o que entendem como ruim. Ao governo interessa apenas divulgar o que é positivo - e isso tem feito com muita competência, tanto que os índices de aprovação beiram a estratosfera e os resultados eleitorais confirmam plenamente.

Fazer contraponto a um governo assim será sempre muito difícil, principalmente quando não há disposição por parte dos seus contrários. É o caso do Piauí.

Passada a apuração e confirmada a derrota de Silvio Mendes, os tucanos, que pareciam liderar o bloco oposicionista, recolheram-se a um silêncio tumular, com exceção de Firmino Filho, vereador e deputado eleito pela sigla - e cujo comportamento não tem nada a ver com um pensamento voltado para a formação de grupo e sim para o próximo pleito municipal em Teresina ao qual pretende concorrer.

Este comportamento comprova que já não se fazem mais políticos como antigamente vez que a política passou a ser um exercício apenas ocasional e não em função de um projeto para o estado. O governo tem pontos falhos. São muitos. Não foram explorados de forma competente. Talvez isso não ajudasse a reverter o resultado da eleição, mas certamente reduziria o tamanho da diferença.

O acanhamento com que se comporta faz com que tenhamos a ideia de que Wilson Martins vai governar ainda mais livre e solto do que Wellington Dias, cujos opositores preferiram compor com ele a fazer-lhe oposição mesmo que saudável, apontando falhas no governo com vistas a contribuir para mudanças positivas.

Na campanha, Silvio Mendes acusava os governistas de não terem um projeto para o estado - e sim apenas um projeto de poder pelo poder. O distanciamento com que se porta em relação aos temas políticos indica que ele não assimilou a derrota como uma chance de aprendizado e um estímulo para futuros embates e, quem sabe, vitórias.

Com Alberto Silva foi assim. Ele perdeu duas eleições antes de tornar-se governador mas nunca deixou de estar presente na vida política do estado, seja articulando com lideranças ou tentando romper barreiras que eram colocadas para impedi-lo de se comunicar com a população.

Os meios de comunicação não divulgavam quase nada sobre ele - a não ser quando se tratava de algo contra o então senador. Silva enviava correspondências aos seus amigos e eleitores, que as reproduziam, transformavam em panfletos e distribuíam com a população em feiras livres e praças públicas.

Seus discursos no Senado, com propostas para o desenvolvimento do Piauí, também circulavam em fitas k7 que eram aguardadas ansiosamente e disputadas entre simpatizantes da oposição. Percebe-se que os tempos são outros. Os homens também. Já praticamente não existem líderes.

Fonte: None

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