O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), política pública brasileira considerada modelo internacional, foi um dos principais destaques do evento paralelo sobre alimentação escolar, realizado em Sevilha, na Espanha, no dia 2 de julho. A atividade integrou a programação da Reunião das Nações Unidas sobre Financiamento Sustentável e reuniu autoridades e especialistas de diversos países para debater soluções integradas no combate à fome e promoção do desenvolvimento.

Organizado pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o encontro teve como foco o financiamento da alimentação escolar como ferramenta estratégica para a segurança alimentar, inclusão social e resiliência das comunidades.

Representando o Governo Federal, o FNDE apresentou os pilares do PNAE, programa financiado integralmente com recursos públicos federais e reconhecido por sua capacidade de unir políticas educacionais, nutricionais e de apoio à agricultura familiar. Uma das principais diretrizes do programa é o direcionamento de pelo menos 30% do orçamento para a compra de alimentos de pequenos produtores locais, promovendo o fortalecimento dos sistemas alimentares regionais e o desenvolvimento rural.

Foto: Reprodução

Cooperação internacional em destaque

O evento também serviu como espaço de troca de experiências entre países. A Indonésia anunciou planos para ampliar significativamente os investimentos em alimentação escolar, com um salto previsto de US$ 10,5 bilhões em 2025 para US$ 28 bilhões até 2029. Autoridades locais destacaram o apoio técnico do WFP e o papel de projetos-piloto em áreas vulneráveis para a expansão de políticas nutricionais sustentáveis.

Já São Tomé e Príncipe compartilhou os avanços do seu Programa Nacional de Alimentação e Saúde Escolar (PNASE), considerado exemplo na África Ocidental. O país ressaltou os desafios no financiamento de longo prazo e defendeu a adoção de soluções limpas e sustentáveis na preparação das refeições escolares.

Brasil como liderança global no setor

O embaixador Ruy Pereira, diretor da ABC, reforçou o papel do Brasil como referência global em políticas de alimentação escolar. A atuação brasileira, especialmente por meio da parceria com o WFP e o Centro de Excelência contra a Fome, tem promovido a cooperação técnica com diversos países do Sul Global, contribuindo para a consolidação de iniciativas semelhantes em contextos locais.

Durante o encontro, representantes da FAO, da Coalizão para a Alimentação Escolar e da República Dominicana também defenderam maior articulação entre governos, agências multilaterais e sociedade civil para garantir o financiamento contínuo dessas políticas, apontando o modelo brasileiro como inspiração para uma abordagem integrada e sustentável.

O evento reforçou ainda o papel da cooperação Sul-Sul na formulação de estratégias contra a fome e reafirmou a alimentação escolar como política essencial para o fortalecimento da educação pública, da saúde e do desenvolvimento socioeconômico global.