42% da produção -

Ministro Paulo Teixeira defende que insegurança alimentar não é inegável

Na manhã de quarta-feira (12/03), foi realizada a primeira reunião técnica presencial do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics, em Brasília. O evento reuniu representantes dos países do bloco, incluindo o Brasil, que assume a presidência do Brics neste ano. Durante a abertura do encontro, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, destacou o papel estratégico do grupo na produção agrícola mundial, com os países do Brics respondendo por 42% da produção global de alimentos e 39% dos recursos hídricos do planeta. O bloco também representa mais da metade das 550 milhões de propriedades agrícolas familiares existentes no mundo.

Paulo Teixeira enfatizou a responsabilidade dos países do Brics em coordenar ações para enfrentar os desafios alimentares globais, particularmente o aumento dos preços dos alimentos saudáveis, que coloca milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar, especialmente em países em desenvolvimento. "A insegurança alimentar não é inevitável", afirmou o ministro, sublinhando que políticas públicas eficazes, como as implementadas por alguns países do Brics, podem reverter essa realidade.

Ele destacou que o Brasil, ao assumir a presidência do Brics, reafirma seu compromisso com a segurança alimentar e nutricional, o fortalecimento da agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável. Uma das iniciativas centrais do Brasil é a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, lançada pelo presidente Lula durante a presidência brasileira do G20 em 2024. Essa aliança visa promover a troca de experiências sobre políticas públicas que fortalecem a agricultura de pequena e média escala, garantindo que as populações mais vulneráveis tenham acesso a alimentos saudáveis e diversificados.

Outro ponto abordado pelo ministro foi a instabilidade nos preços dos alimentos, causada por eventos climáticos extremos, especulação financeira e conflitos globais. Para reduzir essa vulnerabilidade, Paulo Teixeira defendeu o uso de políticas de estoque estratégico, com foco em reduzir as flutuações nos preços e garantir mais segurança alimentar. Ele mencionou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, está reconstruindo sua capacidade de armazenar alimentos essenciais.

Foto: Reprodução/ Agência Gov.

Paulo Teixeira também frisou a importância de promover a inclusão produtiva e o desenvolvimento rural, sugerindo que quando possível, os estoques estratégicos sejam compostos por alimentos adquiridos de produtores de pequena escala. Os estoques regionais de alimentos serão debatidos ao longo da reunião, com a expectativa de que novos acordos para sua utilização sejam estabelecidos até a sexta-feira (14/03).

Além disso, o vice-ministro adjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, Cleber Oliveira Soares, ressaltou a necessidade de fortalecer o comércio intra-Brics, que pode impulsionar o desenvolvimento econômico regional. Ele destacou o potencial de modernização da agricultura por meio da implementação de sistemas automatizados, que aumentariam a agilidade no fluxo comercial e na entrega de alimentos de qualidade.

Cleber Oliveira Soares também fez referência ao trabalho realizado durante a presidência da Rússia no ano anterior, com a Declaração de Kazan, que solidificou o compromisso com o comércio justo e sustentável. Esse compromisso inclui o fortalecimento das cadeias produtivas da agricultura, pecuária, pesca e outros setores relacionados.

Por sua vez, o vice-ministro da Pesca e Aquicultura, Rivetla Édipo Araújo Cruz, sublinhou as oportunidades de cooperação nas áreas de pesca e aquicultura entre os países membros do Brics. Ele defendeu a promoção de sistemas alimentares aquáticos sustentáveis, por meio da ciência, inovação e transferência de tecnologia, com o objetivo de fortalecer práticas responsáveis e combater a pesca ilegal.

Ao final da reunião, o grupo de trabalho pretende apresentar uma proposta de plano de ação para a cooperação em pesca e aquicultura, com um horizonte de 2025 a 2028, que deve contribuir para uma maior integração e segurança alimentar no bloco.

Fonte: Reprodução/ Agência Gov

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