Após novas negociações -

Centrão aposta em racha precoce na base de Lula e já fala em reforma ministerial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou como prioridade propostas legislativas que, na visão de líderes do centrão, dividirão a aliança da esquerda.

PT, PC do B, PSOL e outras siglas aliadas do presidente serão empurrados a discutir -fora do campo ideológico- mudanças no sistema de tributos e impostos no país e uma nova regra de controle de gastos.

Foto: ReproduçãoLula
Lula

Mas vão votar a favor dessas propostas?

Parlamentares influentes do centrão acham que o primeiro racha no núcleo da base política de Lula se dará então ainda neste semestre.

É o momento em que esses partidos, como Republicanos, PP e até o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, acham que ganharão ainda mais força. Oficialmente, vão voltar a espalhar o discurso de que o bloco garante a governabilidade ao país e representa a estabilidade política. Mas isso tem um preço.

Lula colocou em prática uma negociação para atender separadamente pedidos de alas dessas três legendas e também da União Brasil.

São cargos de segundo e terceiro escalões. Alguns com grande potencial político, como comando de Codevasf e Correios. Outros de influência apenas local.

O centrão aproveita a pulverização do poder nesses partidos para negociar no varejo.

A estratégia dos articuladores de Lula é atrair aliados no corpo a corpo com parlamentares dessas bancadas, o que, na visão de integrantes do Planalto, abre espaço para uma aliança mais robusta no futuro.

Líderes dessas siglas dizem que não é possível, por ora, embarcar oficialmente na base de Lula. A transição tem que ser mais lenta.

A União Brasil, que foi criada após a fusão do PSL com o DEM, tem diferentes grupos políticos e, apesar de ter três ministérios na Esplanada de Lula, ainda se declara um partido independente do governo.

PP e Republicanos já vislumbram uma reforma ministerial para consolidarem a adesão ao governo petista. O Ministério da Saúde é um dos alvos, especialmente do PP, que já ocupou esse espaço em governos anteriores.

A pasta tem orçamento elevado, tem cacife políticos e atualmente é comandada por um quadro técnico, a ministra Nísia Trindade, que foi uma escolha pessoal de Lula.

Também há interesse pelo MEC (Educação) e Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), esse último ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Articuladores do presidente não descartam uma reforma ministerial ainda neste ano, pois a verba que era de emendas deve ser usada nas negociações mais imediatas, como em votações importantes.

O jogo da política começou agora (que Congresso iniciou os trabalhos). E Lula, experiente, no terceiro mandato, guardou um pacotão de bondades aos parlamentares para as negociações.

Além de cargos, auxiliares do petista também afirmam que haverá distribuição de emendas -mas em um formato menos transparente do que as antigas emendas de relator.

Os candidatos de Lula, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reelegeram-se para as presidências da Câmara e do Senado. Agora, dizem articuladores do petista, é hora de acelerar a formação da base do governo no Congresso.

Tudo será liberado no tempo da política.

O recado de Lula ao Legislativo é que ele quer conversar com todos, até mesmo com o PL, e que é natural, numa democracia, dividir o espaço do governo com aliados.

As notícias do balcão de negociações no Palácio do Planalto geram ciúmes dentro do centrão -o bloco geralmente é coeso, mas a corrida por cargos e favores segue o interesse de cada núcleo dos partidos.

Lula tem atendido a pedidos políticos, mas no ritmo da costura de acordos para que ele possa governar com o Congresso.

O roteiro de integrantes do Planalto e de membros do centrão é bastante convergente. Mas o momento de um movimento político mais ostentoso vai depender da dependência do governo em relação ao Congresso.

Como Lula quer se livrar do teto de gastos e tocar em assuntos econômicos caros para a esquerda, a base do governo precisará ser mais estável. E antigos aliados de Bolsonaro já se apresentaram para a missão.

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