
"Cadastrei até 40 pessoas por dia; o importante era a assinatura": ex-funcionária revela fraude
Uma ex-funcionária de uma das associações investigadas pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU) revelou detalhes de um esquema de fraude envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Ceará. A mulher, que trabalhou na Associação de Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) entre 2017 e 2019, confessou que chegava a cadastrar até 40 pessoas por dia, com foco na coleta de assinaturas para garantir pagamentos fraudulentos.
De acordo com ela, o esquema envolvia comissões, contratos alterados e até propinas pagas ao INSS, corretores e cartórios para facilitar a abertura das firmas. "O importante era captar a assinatura. Tinha propina para o INSS, para os corretores e também nos cartórios", revelou, detalhando como as associações falsificavam contratos de adesão, alterando taxas e valores de descontos após a aprovação inicial.
A fraude, liderada por figuras como a advogada Cecília Rodrigues Mota, presidente da Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos (ABSP), e o empresário Natjo de Lima Pinheiro, envolvia a cobrança indevida de mensalidades associativas e a falsificação de documentos. Cecília, por exemplo, é acusada de enriquecimento ilícito e de promover viagens luxuosas com os lucros da fraude.
Operação Sem Desconto: A Polícia Federal deflagrou a operação contra as fraudes no INSS, que envolvem a cobrança ilegal de mensalidades de aposentados e pensionistas. A operação investiga movimentações financeiras que somam mais de R$ 1,3 bilhão. A investigação também encontrou bens milionários, incluindo veículos de luxo como Ferrari e Rolls-Royce, e apreendeu documentos e contratos fraudulentos.
A operação foi realizada em 13 estados, com foco em 11 associações envolvidas no esquema, três das quais estão localizadas em Fortaleza, onde os contratos com o INSS ocorreram entre 2021 e 2023. A PF e a CGU alertaram os aposentados e pensionistas do INSS a verificarem se houve cobrança indevida de mensalidade associativa, oferecendo meios para solicitar a exclusão do débito automaticamente pelo aplicativo ou site 'Meu INSS'.