Em uma das primeiras entrevistas como novo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte abordou a tensão no Leste Europeu e enviou mensagens a Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky e Donald Trump.

Foto: Divulgação/Otan

Rutte, que assumiu o posto de chefe da Otan em 1º de outubro, esteve no Reino Unido na última quinta-feira (10/10) e, além de se encontrar com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, também teve uma reunião com o presidente da Ucrânia.

Há meses, Zelensky busca autorização para realizar ataques à Rússia utilizando armamentos de longo alcance fornecidos por países membros da Otan. No entanto, até agora, apenas operações com armas de curto alcance foram permitidas.

Sobre o tema, Rutte deu aval para o uso de tais armas contra a Rússia e afirmou que a Ucrânia tem respaldo legal para esses ataques.

“Legalmente, isso é viável, pois a Ucrânia tem permissão para usar suas armas se puderem atingir alvos na Rússia, caso esses alvos representem uma ameaça à Ucrânia”, disse o secretário-geral da Otan.

No entanto, o ex-primeiro-ministro da Holanda advertiu que a decisão final cabe aos países integrantes da aliança e revelou que não houve progresso nesse sentido.

“Não há qualquer alteração nisso, porque, no fim das contas, isso depende dos aliados que fornecem certos sistemas de armas à Ucrânia, se eles podem ser usados para longo alcance na Rússia”, declarou.

Putin e Trump

Durante os cerca de 7 minutos em que falou à imprensa em Londres, o novo secretário-geral da Otan também comentou sobre Vladimir Putin e destacou que uma vitória da Rússia contra a Ucrânia representaria um sério problema de segurança para todos os países membros da aliança militar.

Assim como seu antecessor, Jens Stoltenberg, Rutte afirmou que o apoio da Otan à Ucrânia vai além da defesa do país liderado por Zelensky.

“Não estamos envolvidos apenas porque queremos apoiar a Ucrânia. Sim, claro, essa é a razão principal, mas também porque apoiar a Ucrânia nessa luta contra a Rússia é fundamental para nossa segurança coletiva nesta região da Europa, no Canadá, nos Estados Unidos e em todo o território da Otan”, declarou.

Além disso, o chefe da Otan foi indagado sobre as recentes declarações do candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. No início do ano, o republicano afirmou que, se vencesse as eleições de 5 de novembro, incentivaria a Rússia a atacar aliados que não cumprissem as metas de gastos com defesa.

Perguntado sobre o posicionamento do bilionário, que manteve boas relações com Putin durante seu mandato, Rutte disse conhecer bem Trump, tendo trabalhado com ele entre 2017 e 2021.

“Em meu cargo anterior como primeiro-ministro, trabalhei com ele por quatro anos. Sei que ele entende perfeitamente e concorda comigo que essa guerra na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia, mas também sobre a futura segurança dos Estados Unidos. Ele está ciente disso.”