
Iniciativa em Direito e Inteligência Artificial antecipa tendências do universo jurídico
Na Universidade Estadual do Piauí (Uespi), o projeto de extensão “Direito e Inteligência Artificial”, coordenado pelo professor Ítalo José, tem se destacado ao abordar um tema essencial para o futuro do universo jurídico: o crescente papel da IA na rotina forense e na administração da Justiça. A iniciativa oferece um espaço acadêmico para examinar como algoritmos e sistemas automatizados vêm sendo incorporados aos tribunais, escritórios de advocacia e órgãos públicos, questionando seu impacto prático e normativo.
Mais do que ensinar o uso de ferramentas digitais, o projeto busca compreender as transformações que essas tecnologias impõem ao Direito e antecipar desafios regulatórios. Conforme explica Ítalo José, a proposta articula teoria de sala de aula, pesquisa de ponta e demandas sociais, fomentando um diálogo interdisciplinar e ético sobre os limites e as potencialidades da IA no campo jurídico.
A criação da iniciativa nasceu da constatação de uma lacuna na formação dos futuros advogados. Apesar da presença cada vez mais comum de algoritmos em decisões judiciais, são raras as abordagens acadêmicas que preparem os estudantes para lidar com questões como vieses algorítmicos, automação de tarefas repetitivas e dilemas de responsabilidade civil por erros de software. Segundo o coordenador, é preciso ir além de uma postura reativa e atuar de forma crítica e construtiva nesse processo.

Entre as metas do projeto estão o aprofundamento dos aspectos legais, éticos e sociais da IA; a capacitação de alunos e profissionais; o incentivo ao debate público sobre temas emergentes como proteção de dados e regulação tecnológica e a promoção da produção científica. A iniciativa também busca estreitar o diálogo entre universidade e sociedade, aproximando acadêmicos, operadores do Direito e cidadãos.
Os participantes já notam os benefícios na própria formação. Para o estudante Rikelme Oliveira, o projeto representou uma oportunidade de agregar valor ao currículo e enxergar a IA como aliada no exercício profissional, embora admita preocupação com a possível redução de vagas diante da automatização de tarefas jurídicas. Outro integrante, Felipe Baruc, ressalta que a tecnologia deve ser vista como ferramenta complementar, cujo uso responsável demanda preparo tanto dos operadores quanto do sistema jurídico como um todo.
Fonte: Governo do Piauí