
Caso Tatiana Medeiros | PF: temor de represálias dificulta obter pessoas que confirmem alguns fatos
Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores
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Uma das hipóteses da PF:"A facção Bonde dos 40 utilizou seus integrantes para coagir ou arregimentar eleitores, direcionando votos para TATIANA em comunidades vulneráveis dominadas pela facção"
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A Polícia Federal chegou a reportar, por experiência, em peça direcionada à Justiça Eleitoral, a dificuldade em encontrar pessoas que confirmassem algumas das suspeitas iniciais da polícia judiciária de que houve uso de força e ameaça para arregimentar eleitores que beneficiassem a candidatura de Tatiana Medeiros, eleita uma das vereadores da capital Teresina.
A peça em questão destacou que a sede da ONG Vamos Juntos “está localizada no bairro Olaria, apontando na IPJ que se trata de uma região com forte atuação da facção Bonde dos 40”, e que “há informes de arregimentação de eleitores por meio de facções em regiões periféricas da cidade, como no bairro Olaria”.
A exemplo:
“Vale por fim destacar, especificamente, informes de arregimentação de eleitores no pleito eleitoral 2024, fixação de panfletos e adesivos forçadamente, junto [a] moradores de regiões periféricas, como o caso do bairro Olaria, local onde situa‐se o Instituto Vamos Juntos, dentre outros crimes eleitorais comentados anonimamente na sociedade teresinense, por meio da participação de facções”.
E arremata:
“Pontua‐se que dificilmente alguém prestará depoimento em sede policial para confirmar tal fato em razão do temor de represálias.”
ACHADOS DAS PRIMEIRAS BUSCAS
Nas buscas iniciais da Polícia Federal em endereços ligados à vereadora Tatiana Medeiros, ainda no início da primeira fase da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada em 17 de dezembro de 2024, a polícia judiciária encontraria vasto material, muitos deles relacionados a supostos eleitores.
O material apreendido, que à época ainda seria analisado, seguia em consonância com as hipóteses delineadas pela investigação. A PF trabalha com hipóteses criminais e atua para confirmá-las ou descartá-las, a partir de indícios iniciais, ou até, após as primeiras investidas, redirecioná-las.
De alguns dos autos de busca e apreensão, datados de dezembro último, há documentos apreendidos que reportam a supostos eleitores.
- “pasta rosa contendo folhas com diversos manuscritos e folhas cadastrais”
- “14 fichas cadastrais contendo cada uma pedaços de papel com anotações relacionadas a votos”
- “folhas com planilhas impressas contendo lista de nomes de pessoas e respectivos endereços”
Além de que “diversos papéis com informações de supostos eleitores”, conforme achado em outro endereço ligado à vereadora.

PRENÚNCIOS
As hipóteses iniciais da Polícia Federal eram:
"a) TATIANA TEIXEIRA MEDEIROS utilizou o INSTITUTO VAMOS JUNTOS, ONG na qual se intitula como fundadora, como instrumento para recebimento de recursos diversos, inclusive da facção Bonde dos 40, camuflando a origem ilícita do dinheiro e destinando‐o à sua campanha eleitoral;
b) A facção Bonde dos 40 financiou diretamente a campanha de TATIANA TEIXEIRA MEDEIROS em troca de influência política e facilitação de ações no estado do Piauí;
c) A facção Bonde dos 40 utilizou seus integrantes para coagir ou arregimentar eleitores, direcionando votos para TATIANA em comunidades vulneráveis dominadas pela facção;
d) TATIANA TEIXEIRA MEDEIROS omitiu ou adulterou informações na prestação de contas da campanha, incluindo a declaração de despesas inexistentes, como a locação de um veículo registrado em nome de sua mãe, Maria Odelia de Aguiar Medeiros, uma vez que não foi encontrado registro de CNH em nome de Maria Odelia".
A defesa da vereadora nega envolvimento da parlamentar com qualquer facção criminosa.