
Paulo Brito discute com Ieldyson e gera polêmica ao criticar tipificação do feminicídio
Uma declaração polêmica do radialista Paulo Brito causou grande repercussão nas redes sociais no início da manhã desta quinta-feira (28/09), durante uma interação na Rádio Meio Norte no programa "Bom Dia MN", apresentado por Ieldyson Vasconcelos.
Ieldyson trouxe à tona um triste caso envolvendo uma criança que apareceu em estado de desespero ao presenciar seu pai destruindo móveis em casa, temendo pela segurança de sua mãe.
Ao comentar o caso, Paulo Brito fez uma afirmação controversa, sugerindo que a inclusão da tipificação do feminicídio pode ter contribuído para o aumento dos casos de violência doméstica. Ele expressou sua opinião da seguinte forma: "Porque agora vai ser uma família diferente, porque agora a mulher não vai apanhar mais, porque nós mudamos o nome do crime, o cara que inventou isso deveria ter vergonha, porque agora, em vez de homicídio, é feminicídio", iniciou.
O apresentador Ieldyson Vasconcelos imediatamente demonstrou desconforto com a declaração de seu colega, enquanto Paulo Brito continuou falando, usando uma referência bíblica ao mencionar "falsos profetas" e "fariseus".
Ieldyson, por sua vez, defendeu a criação da lei de feminicídio, argumentando: "Uma das maiores lutas do Brasil hoje é contra o feminicídio, contra a violência doméstica." Paulo Brito retrucou, afirmando que "aumentou quando mudaram o nome", e acrescentou: "No Brasil é assim, coloca a lei para funcionar e só aumenta."
Vasconcelos rebateu, explicando: "Só aumentou porque antes não havia tipificação", mas o radialista discordou veementemente, já visivelmente exaltado: "Tinha tipificação, ninguém matava ninguém nesse país e não era preso, que história é essa? Homicídio é desde quando começou o código penal. Estou dizendo o que é certo, 'feminicídio, não mudou em nada', fez foi aumentar o crime", disse.
Veja o vídeo:
Ieldyson alertou que a declaração do radialista poderia gerar repercussões, ao que Paulo Brito respondeu com determinação: "Eu não tenho medo, não. Eu vivo em um país democrático. Negócio de radialista ter medo de falar as coisas não existe", batendo na mesa visivelmente estressado.
Nossa equipe procurou o Dr. Rony Torres que é especialista em direito penal e processo penal. Consultor jurídico do grupo Eugênio e diretor de conteúdo do Brjus.
Segundo ele: "A declaração é leviana e irresponsável. Não existe qualquer pesquisa que indique a correlação entre a aprovação da lei, mencionada, e o aumento dos casos de feminicídio."
"Ainda que a lei não tivesse efetividade prática. E eu garanto que tem, e já beneficiou milhares de mulheres, nenhum estudo, ainda que científico conseguiria correlacionar os dois fatores alegados pelo jornalista, já que os motivos que levam uma pessoa a cometer o feminicídio vão muito além da "simples entrada em vigor de uma lei"... quem comete esse tipo de crime provavelmente passa ou passou por algum desequilíbrio mental, fatores sociais e de política pública, organização do Estado para lidar com esses casos e a própria educação oferecida a sociedades são fatores que contribuírem para o aumento desse tipo de crime"
"Dizer que a aprovação de uma lei que visa coibir uma prática foi responsável pelo aumento dessa prática chega a ser risório"