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Micarina: Entre o brilho de Ivete e os bastidores de uma "Guerra Fria" que aponta o fim do evento

Sucesso é uma palavra muito grande para descrever a Micarina de 2024. O evento, que já foi o maior fora de época do Piauí, enfrentou dificuldades financeiras e de público, e, embora tenha cumprido seu propósito, o futuro parece incerto. Fontes ligadas à organização afirmaram a este colunista que, devido ao prejuízo, esta pode ser a última edição desta "temporada". A informação foi confirmada por uma fonte de liderança na Kalor Produções, que preferiu não se identificar. Mesmo que os organizadores ainda não admitam publicamente, a situação é delicada.

Quando falamos em "temporada", estamos nos referindo ao padrão histórico do evento: a Micarina começa, vive seu auge por um período e, depois, é suspensa. Desde o seu retorno, a Micarina vinha enfrentando grandes desafios. A concorrência com micaretas gratuitas financiadas por prefeituras em diversas cidades do estado drenou parte do público que antes lotava Teresina. Além disso, o preço elevado dos ingressos — com camarotes chegando a R$ 450 e blocos a R$ 410 — afastou ainda mais os foliões.

A aposta da Kalor Produções para 2024 foi ousada: Ivete Sangalo. O nome, por si só, carrega uma força capaz de atrair multidões. Ivete, rainha incontestável do carnaval brasileiro, com seu carisma e uma legião de fãs fiéis, foi contratada para ser a grande estrela da festa. A Kalor Produções apostou alto, com rumores de que seu cachê poderia chegar a R$ 1 milhão. O show de Ivete substituiu uma apresentação que seria realizada em setembro no Estádio Albertão, que acabou cancelada. Com sua energia contagiante, ela tomou o palco da Micarina em outubro como atração principal.

Foto: Redes sociais

O primeiro dia do evento foi promissor, com uma grande presença de público. Mas, no segundo dia, o esvaziamento já era visível. A expectativa inicial não se concretizou, e os resultados deixaram uma sensação de que, por mais que se tentasse resgatar o brilho de outros tempos, a Micarina estava longe de seus dias de glória.

Mas as dificuldades da Micarina 2024 não se resumem a questões de público ou finanças. O evento se tornou mais um capítulo de uma disputa silenciosa e estratégica que está nos bastidores do entretenimento e da comunicação no estado: a "Guerra Fria" entre o Grupo Meio Norte e Wrias Moura. Sem ataques públicos ou declarações polêmicas, essa rivalidade se mantém velada, com aparentes gestos de cordialidade, mas que escondem uma verdadeira disputa por influência e poder.

A relação entre o Grupo Meio Norte e Wrias Moura já vinha deteriorada há algum tempo. Desde antes da demissão de Wrias, que foi oficializada em setembro, já havia tensões nos bastidores. Moura, que ocupava um cargo de liderança no grupo, esteve envolvido em importantes decisões estratégicas e era uma das principais figuras na emissora. Contudo, desentendimentos e disputas internas culminaram em sua saída, que, embora negada por meses, acabou confirmada. Essa demissão marcou o início de um embate que, como em todo relacionamento complexo, começou com a divisão de forças e de ativos.

Foto: 180graus

Um exemplo claro dessa divisão é a própria Micarina. Até 2023, o evento ainda levava o nome "Micarina Meio Norte", reforçando a ligação com o grupo. Porém, a exclusão do nome "Meio Norte" em 2024 foi um sinal evidente de distanciamento. Apesar de a emissora ainda contribuir para a divulgação do evento, o apoio foi bem menos intenso do que em edições anteriores, e essa mudança não passou despercebida pelo público e pelos envolvidos na produção.

Wrias Moura, por sua vez, não se deixou abater. Ele assumiu a produção do evento por meio da Kalor Produções e tentou se reafirmar no mercado de entretenimento. Mesmo com as dificuldades financeiras e a perda de público, Moura tentou mostrar força e resiliência em sua nova fase empresarial. No entanto, a realidade não correspondeu às expectativas. Os resultados aquém do esperado na Micarina podem não apenas prejudicar a imagem de Wrias, mas também trazer prejuízos financeiros significativos para a Kalor Produções, o que é sempre uma preocupação em eventos de grande porte.

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