Arte de Nonato de Oliveira -

Arte de Nonato de Oliveira.

A vida e obra do mestre Nonato Oliveira

Raimundo Nonato Oliveira nasceu em 11 de dezembro de 1949 na Fazenda Mendes, localizada entre os municípios de Pimenteiras e São Miguel do Tapuio, a cerca de 180 km da capital do Piauí, Teresina.

Ainda quando criança, Nonato Oliveira já despertava seu interesse pela arte da pintura, utilizando as sobras de material de construção de seu pai, Sabino Policarpo de Oliveira, que era pedreiro e um grande incentivador da expressão criativa do filho. Nonato Oliveira fez o seu primeiro painel com 14 anos de idade, dentro de um quarto de sua casa que estava sendo rebocado pelo seu pai. Como ainda não tinha acesso a uma variedade de tintas industriais, Nonato conseguiu, através de pesquisas, extrair pigmentos da vegetação onde morava como do urucum, da casca de angico, da tabatinga e da nogueira, mostrando desde o início que, além de pintor, era um grande pesquisador.

Uma das grandes influências na obra de Nonato é a obra de seu tio, José Alves de Oliveira, o Mestre Dezinho, um dos mais renomados nomes da escultura em madeira no Nordeste. Mestre Dezinho ficou conhecido principalmente pela criação de ex-votos e pela arte santeira. A forma como Dezinho esculpia os rostos dos personagens de suas obras inspirou Nonato na criação de suas figuras, que em sua pintura se caracterizam pela multiplicidade de rostos.

Em 1961, quando tinha 12 anos de idade, Nonato muda-se para a capital do Piauí, Teresina, juntamente com toda a família e, a partir daí, começa a dedicar-se aos estudos. Com 17 anos, o artista criou uma série de pinturas em quadro relacionadas ao episódio da Guerra de Canudos, que um admirador de arte viu em sua casa e resolveu levar para ser exposto na Maison de France, no Rio de Janeiro. Com isso, o jovem artista ganhou uma bolsa para estudar na Europa, precisamente na capital da França, Paris, onde aprendeu a arte de fazer mosaicos em vitrais, passando 10 anos entre a Europa e o Brasil.

Mesmo com a, já evidente, consistência de seu trabalho como artista, Nonato Oliveira ainda enveredou por diversos cursos, como Direito, Economia, Técnico em Edificações, Matemática e Eletrônica, conseguindo finalizar apenas este último, na Escola Técnica Federal do Piauí. Mas, com o prestígio constante de seu trabalho nas artes plásticas, essa virou sua principal atividade e permeou grande parte de sua vida lhe rendendo um grande reconhecimento.

No decorrer de seu trabalho como artista plástico, o mestre Nonato Oliveira, como é chamado, realizou mais de 80 exposições, entre individuais e coletivas, em vários estados do Brasil, como Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Internacionalmente, já houve exposições de seus trabalhos em Portugal, na Itália e nos Estados Unidos.

Além da pintura de telas, o Mestre Nonato Oliveira, trabalha com ilustração, escultura e gravuras em metal. Em Teresina, sua vertente mais conhecida é a pintura de painéis e murais, verdadeiros monumentos que chegam a 200 metros de largura e outros a 10 metros de altura e são singulares dentro do espaço urbano da cidade, com a vivacidade de cores e temas.

A obra de Nonato Oliveira demonstra a sua maestria artística em uma cidade que se desenvolve em meio a prédios modernos e favelas, aos carros velozes e carroças, entre os muros elétricos e prosas na porta das casas, entre o moderno e o provinciano, e no meio desse trânsito da vida, cujo cenário é a cidade de Teresina, surgem verdadeiros monumentos com uma vivacidade de cores ímpar e temas retratados com uma ótica poética que remetem à infância e a riqueza da cultura nordestina.

O traço inconfundível, as cores vibrantes, lendas do folclore piauiense e teresinense, a natureza, o povo simples e temas relacionados à riqueza cultural do nordeste são algumas das principais características da obra de Nonato Oliveira que embelezam o espaço urbano de Teresina e são um marco na cultura da cidade.

Por Samuel Brandão

Fonte: None

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