Em um momento considerado histórico para as relações sino-brasileiras, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, teve papel de destaque nesta segunda-feira (12/05), durante o Encontro Empresarial Brasil-China, realizado em Pequim. Diante de mais de 700 empresários brasileiros, 218 entidades chinesas e altas autoridades dos dois países, Fonteles apresentou o Piauí como uma nova fronteira de investimentos chineses em energia limpa, infraestrutura e industrialização verde.

O evento foi o maior do tipo promovido desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contou com a presença de 11 ministros, do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, além de representantes da Embrapa e da ApexBrasil. O encontro reforçou a retomada da diplomacia econômica brasileira com foco na sustentabilidade, inovação e inclusão.

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Piauí como vitrine da nova matriz energética

Em sua fala, Rafael Fonteles destacou os avanços do estado como líder na transição energética. “Temos a maior proporção de geração de energia renovável do Brasil. Somos protagonistas em energia eólica e solar, e agora estamos prontos para dar o próximo passo com o hidrogênio verde”, afirmou. O tema despertou grande interesse entre os investidores chineses, dada a importância do hidrogênio verde na agenda global de descarbonização.

O governador propôs uma parceria estratégica com a China nesse novo ciclo energético, sugerindo investimentos diretos em parques de geração, infraestrutura de transmissão e inovação tecnológica. “O que propomos é uma parceria ganha-ganha: o Brasil oferece seus recursos naturais e estabilidade política, e a China traz capital e inovação tecnológica”, pontuou.

Infraestrutura e acesso ao Atlântico como prioridade

Outro ponto central do discurso de Fonteles foi a infraestrutura logística. Ele defendeu a integração regional como prioridade nas relações com a China, com foco na conclusão da ferrovia Transnordestina e na modernização dos portos do Piauí, como o de Luís Correia. Segundo ele, a região pode oferecer uma nova saída estratégica para o comércio sino-brasileiro pelo Atlântico Sul.

“Temos um enorme potencial de produção agrícola, energética e industrial que só será plenamente aproveitado com logística eficiente. A China tem expertise e interesse nesse setor, e o Brasil precisa de parceiros com visão de longo prazo”, disse.

Industrialização verde e desenvolvimento regional

Fonteles também reforçou a necessidade de reindustrializar o Brasil com foco na sustentabilidade e descentralização. Ele sugeriu que o Nordeste se torne uma plataforma de produção industrial limpa para o mercado latino-americano, baseado em energias renováveis, qualificação profissional e incentivos públicos.

“A industrialização precisa voltar a ser um motor do desenvolvimento brasileiro, e o Nordeste pode ser parte da solução. Não se trata apenas de crescer, mas de crescer com equidade, gerando empregos de qualidade, ciência, tecnologia e inclusão produtiva”, afirmou.

Nova fase na relação Brasil-China

O governador celebrou o novo momento da diplomacia econômica entre Brasil e China, destacando o papel do presidente Lula na reconstrução da credibilidade do país. “Hoje não há mais constrangimentos, há confiança, diálogo e cooperação”, afirmou, ecoando a fala de Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

Fonteles encerrou sua participação reafirmando a disposição do Piauí em ser “um laboratório vivo” da nova era da parceria sino-brasileira, baseada em inovação, sustentabilidade, industrialização verde e inclusão regional.

Perspectivas para novos investimentos

Com propostas concretas e alinhadas aos interesses chineses, o governador se posicionou como uma das principais vozes do federalismo brasileiro na nova diplomacia econômica. A expectativa é que a missão oficial na China resulte em novos protocolos de intenção e atração de investimentos para o Piauí e o Nordeste já nos próximos meses.