
Pedro Rocha: o balão de ensaio que pode decolar
Por Sebastian Eugênio
Com as desistências em cascata dos principais nomes do primeiro escalão, o jogo político em torno da vice de Rafael Fonteles em 2026 entra numa nova fase — e, como costuma acontecer na política, o vazio se preenche rápido. O nome da vez é Pedro Rocha, atual secretário-chefe do Gabinete do Governador, que começa a circular nos bastidores do Palácio de Karnak como um “balão de ensaio”. Mas convém olhar além da metáfora: talvez o balão esteja subindo por méritos próprios — e com combustível suficiente para alcançar a altitude da vice-governadoria.
Pedro Rocha não é um nome imposto por forças externas, nem um outsider sedento por protagonismo. Ele emerge de dentro, da engrenagem fina do governo. É um “Rafaboy” raiz: fiel, discreto, técnico e político na medida certa. Ocupa, hoje, uma das posições mais sensíveis do Executivo estadual — é quem filtra os acessos ao governador e organiza o fluxo interno de poder. Na prática, isso o torna um fiador da estabilidade do núcleo duro do governo.

A entrada de seu nome no radar acontece após a negativa pública de três dos cotados com maior densidade política: Antonio Luiz (Saúde), Washington Bandeira (Educação) e Chico Lucas (Segurança). Todos, em discursos respeitosos e firmes, decidiram seguir com suas missões administrativas — o que, por si só, já indica o tom do governo: foco em entrega, não em eleição. Pelo menos por enquanto.
Nesse cenário, Pedro Rocha não surge por imposição, mas como síntese de um momento. É o nome da confiança, da continuidade, da discrição — características que podem pesar mais do que a força eleitoral bruta, sobretudo num projeto que visa consolidar a imagem de Rafael Fonteles como gestor e não apenas como político.
Há quem veja em Pedro apenas um técnico leal. Mas talvez isso seja justamente o diferencial que a cadeira de vice exige agora: alguém que some sem competir, que agregue sem dividir, que opere o bastidor enquanto o titular colhe os frutos da visibilidade.
Nos corredores do Karnak, também se ouvem os nomes de Marcelo Nolleto e Leonardo Sobral — figuras competentes e bem posicionadas. Mas, até aqui, nenhum deles parece reunir a combinação de discrição e capilaridade administrativa que Pedro Rocha carrega.
Se o balão vai decolar ou não, só o tempo e o governador dirão. Mas a simples flutuação do nome já revela algo: em tempos de polarização e vaidades, Pedro Rocha representa um estilo de poder mais silencioso — e, por isso mesmo, mais eficaz. E talvez seja exatamente esse o perfil que Rafael Fonteles esteja procurando.