Veja o motivo -

Geones quebra o silêncio e confirma rompimento com prefeito de Rio Grande do Piauí após exonerações

Em entrevista ao portal 180graus, o vereador Geones Medrado, o mais votado da história de Rio Grande do Piauí, confirmou o rompimento político com o prefeito Antônio Luís da Costa Feitosa (PSD). O embate teria se intensificado após Geones declarar apoio ao pré-candidato a deputado federal Zé Santana (PT), em detrimento de Georgiano Neto (PSD), pré-candidato apoiado pelo prefeito.

"Sim, houve um rompimento. Não por iniciativa nossa, pelo contrário, propomos uma conversa para encontrarmos juntos uma maneira de evitar o rompimento."

Foto: 180graus/reprodução

Geones começou a entrevista ressaltando sua fidelidade ao grupo político do prefeito nas eleições anteriores: "Eu, Geones Medrado, nas duas eleições em que fui candidato sempre fui 100% fiel ao grupo da qual fazia parte. Sempre apoiei um candidato a deputado estadual independente e um candidato a deputado federal do prefeito — não por ser uma regra, mas por achar que era o correto a se fazer naquele momento."

No entanto, para as eleições de 2026, ele afirmou que houve situações novas e inesperadas: "Para as próximas eleições, ocorreram situações inesperadas que me fizeram apoiar um candidato a deputado federal, o Zé Santana — não só por uma enorme gratidão, mas também porque tem ajudado muito o povo da nossa cidade."

Foto: 180graus

Geones também negou veementemente ter declarado apoio a Severo Eulálio, como foi dito na nota do prefeito: "Eu nunca, em hipótese alguma, falei para o prefeito Antônio Luís ou para qualquer outra pessoa que apoio Severo Eulálio, como ele afirma em sua nota."

O vereador afirma que buscou diálogo com o prefeito para evitar o rompimento: "Chamei o prefeito e pedi para que entendesse a minha situação, assim como eu entendi em diversas vezes quando abdiquei de ganhos pessoais em nome do grupo."

Ele citou exemplos de quando respeitou decisões do grupo, mesmo discordando: "Nas duas vezes que tentei colocar o meu nome na disputa da presidência da Câmara e não fui aceito, sempre entendi e votei na orientação do grupo. Na eleição passada para governador, esse critério nem existiu — houve uma oposição dentro da situação, e todo mundo sabe disso. Eu fiquei ao lado do prefeito e ninguém foi expulso do grupo por isso."

Sobre a vice-prefeitura: "Quando tentei colocar o meu nome para a vaga de vice e não fui aceito, eu também entendi a situação em nome do grupo. Quando a pessoa escolhida no meu lugar não pôde concorrer, eu nem fui atrás, entendi que tinha que seguir com a minha campanha e me dispus a apoiar a escolha do grupo."

Foto: 180graus

Por isso, ele considerou injusta a falta de compreensão por parte do prefeito: "O que eu pedi foi que o prefeito e o grupo entendessem a minha situação e que pudéssemos, juntos, encontrar uma maneira de evitar o rompimento. Não houve acordo."

Geones também comentou as exonerações de aliados próximos, entre eles seus irmãos Rones e James Medrado: "O ex-secretário Rones sempre teve o candidato dele, então isso não é de hoje. Logo, não tem nada a ver com a situação do momento."

Sobre James Medrado, ele rebateu diretamente a fala do prefeito: "O ex-secretário James não apoia nenhum candidato independente, como afirmou o prefeito em sua nota. Desafio ele e qualquer outro a apresentar um candidato a deputado apoiado pelo James que não sejam os meus."

Geones demonstrou indignação com a justificativa usada para as exonerações: "O critério apresentado para a nossa expulsão do grupo não condiz com a realidade dos fatos. As pessoas que estão sendo exoneradas são pessoas que votaram em você, fizeram campanha para você, vibraram com a sua vitória."

Ele reforçou o peso político dessas demissões: "Algumas delas são eleitores do seu grupo político há quase 40 anos — não só elas, mas toda a família. E quem bota, é também quem pode tirar."

O vereador desafiou publicamente o prefeito a apresentar qualquer falha de sua parte com o grupo: "Desafio o prefeito e qualquer outra pessoa a apresentar uma falha minha para com o grupo. Por isso fui, nas duas eleições em que fui candidato, campeão de votos. Em uma delas, o vereador mais votado da história do meu querido município."

Ele finalizou reafirmando seu compromisso com o povo de Rio Grande do Piauí: "Assim vou seguir, honrando os meus compromissos e a confiança depositada a mim por cada um dos 651 amigos que votaram em mim para representá-los na Câmara Municipal."

Agora na oposição, Geones afirmou que sua atuação será pautada pelo interesse público: "Quero dizer ainda que hoje eu sou oposição, mas a minha oposição será sempre ao que não for benéfico ao povo. Jamais usarei o meu cargo para perseguir ninguém. Todo e qualquer projeto que chegar à Câmara que de alguma forma prejudique a população, eu votarei contra — bem como todo e qualquer projeto que venha para beneficiar a nossa gente terá o meu apoio, assim como sempre fiz."

Contexto: disputa eleitoral acirra tensões políticas em Rio Grande do Piauí

Desde que Geones anunciou apoio a Zé Santana (PT), em vez de Georgiano Neto (PSD), indicado do grupo liderado pelo deputado federal Júlio César, aliados políticos do vereador começaram a ser exonerados de cargos municipais sob justificativa de “interesse público”.

Foto: 180grausDisputa entre Georgiano (PSD) e Zé Santana (PT) chega ao interior e provoca exoneração de aliados

Entre os exonerados, estão:

  1. James Pereira da Silva, ex-secretário de Transportes – Portaria nº 132/2025;
  2. Rones Pereira da Silva, ex-secretário da Juventude – Portaria nº 131/2025;
  3. Dr. Antônio Luís da Costa e Silva, dentista – contrato encerrado via Termo Administrativo nº 10/2025;
  4. Marilda Pereira dos Santos Lima, auxiliar de serviços gerais – exoneração via Termo nº 144/2025.

Todos os atos foram assinados pelo prefeito Antônio Luís e ocorreram entre o início e o fim de junho de 2025.

Prefeito nega pressão e diz que Geones rompeu acordo

Em nota enviada à imprensa após as primeiras exonerações, o prefeito Antônio Luís negou ter pressionado Geones a apoiar Georgiano Neto. Segundo ele, ficou acordado em reuniões internas que cada vereador teria liberdade para apoiar um dos cargos — estadual ou federal — desde que o outro nome fosse consensual no grupo.

"Em nenhum momento o grupo liderado por mim impôs que o vereador Geones votasse no deputado Georgiano Neto. O que todos queriam era que ele cumprisse o que foi acordado nas reuniões."

O prefeito também alegou que Geones havia declarado apoio a dois candidatos a deputado estadual — Nerinho e Severo Eulálio — o que, segundo ele, inviabilizou o acordo:

"Reuni todo o grupo liderado por mim, e foi tomada a decisão de exonerar os dois irmãos, visto que os cargos são de confiança do prefeito e, sem a devida confiança, não havia mais sentido em mantê-los nas funções."

Com a saída de Geones, o prefeito informou que o vereador Claudimar da Costa e Silva passou a integrar sua base, mantendo maioria na Câmara (7 vereadores).

"Estou no meu quarto mandato como prefeito e fui reeleito com 77,61% dos votos, a maior maioria da história de Rio Grande do Piauí."

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