Com uma onda de calor persistente em vários estados brasileiros, a situação climática tem gerado alertas para o setor agropecuário. Diversas capitais registraram temperaturas superiores a 35 °C no último domingo (12/11), e a previsão é de que a situação persista ao longo desta semana. O Rio de Janeiro, por exemplo, enfrentou uma sensação térmica de 52,7 ºC nesta segunda-feira (13/11). Essa é a quarta onda de calor vivida pelo Brasil no segundo semestre, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com informações do Metrópoles.

A preocupação se estende ao produtor agropecuário, que enfrenta riscos significativos de perdas em animais e plantações devido às altas temperaturas. No Acre, mais de mil frangos foram perdidos, resultando em uma perda de 70% na produção de um complexo industrial. Além disso, as chuvas excessivas em Santa Catarina já causaram perdas na safra de cebola equivalente a um mês de consumo do produto no país.

O Instituto Certified Humane Brasil, dedicado ao bem-estar dos animais na pecuária, alertou que o calor excessivo pode impactar a produtividade agropecuária, sendo responsável por cerca de 80% das perdas na produção. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que o planeta está, pelo menos, 1ºC mais quente do que no período pré-industrial.

O meteorologista Olivio Bahia do Inmet destacou que a onda de calor afeta tanto humanos quanto animais, com mais de 2.500 municípios em alerta vermelho e laranja. Ele ressaltou que muitos frangos e gado morreram devido ao calor. A preocupação se estende ao impacto na economia do setor no próximo ano, com produtos e alimentos potencialmente mais caros para os consumidores.

A seca prolongada pode resultar em problemas no solo, dificultando o plantio e afetando o desenvolvimento das sementes. A projeção da safra agrícola de 2024 já indica uma redução de 8,8 milhões de toneladas em comparação com este ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A perspectiva de uma safra menor pode levar a uma baixa disponibilidade de produtos no mercado, elevando os preços.

A influência do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, é uma das causas para temperaturas acima da média na primavera e verão. Associado ao aquecimento global, o El Niño tende a intensificar seus impactos. O fenômeno é cíclico e ocorre a cada cinco a sete anos, afetando países, incluindo o Brasil. O aquecimento global, resultante da emissão crescente de gases de efeito estufa, pode agravar esses eventos climáticos extremos.