PEC provoca impasse -

Robert desafia que promotor aponte 'Ali Babá e 40 ladrões'

O deputado estadual Robert Rios (PDT) rebateu as declarações do promotor Rômulo Cordão, coordenador do Gaeco, em áudio de conversa no WhatsApp que vazou nesta segunda-feira (25/04). O parlamentar disse não haver razão para os questionamentos, negou que a Assembleia esteja tentando impedir o andamento de investigações, e que tudo não passa de uma tentativa de assegurar privilégios.

No áudio, o promotor ameaça deixar o comando do Gaeco diante da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que altera a lei que dispõe sobre a eleição do procurador-geral de Justiça do Estado, excluindo a possibilidade dos promotores de participarem da disputa. O caso deve parar no Supremo Tribunal Federal, já que membros do Ministério Público alegam inconstitucionalidade da matéria, que estaria invadindo questão interna.

Sobre o assunto, o deputado disse à TV Cidade Verde que é de fazer rir qualquer estudante de Direito, já que tudo foi feito dentro da previsão legal. Alega ainda que a proposta aprovada garante a reeleição do atual procurador, afastando qualquer suspeita sobre a tentativa de impedir o andamento de investigações em curso. “Mas não tem nenhum deputado dos 30 sendo investigado por corrupção ou pelo Gaeco. Não tem motivo. Se tem investigação, tem mais 3 anos para concluir, se não consegue em 3 anos, não consegue em dia nenhum”, reforça.
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- Contra PEC, promotor ameaça deixar comando do Gaeco
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Robert diz que o Colégio de Procuradores do Estado provocou a Casa Legislativa, pedindo a modificação quanto à eleição. Explica que os cargos de sub-procurador e corregedor só podem ser exercidos por procuradores. E pela atual regra, um promotor tem o poder de chefia-los.

Outro ponto que chamou a atenção do deputado foi a referência feita ao que o promotor chama de ‘Ali Babá’. Para Robert, o termo agride o próprio Ministério Público. “Se ele está dizendo que sendo procurador o chefe vai ser um Ali Babá, ele tem que dizer onde é que está os 40 ladrões. (...) Está dizendo que órgão dele tem Ali Babá”, afirma.

Segue dizendo que tudo não passa de “falácia para enganar o povo”, e justifica ainda que em outros 10 estados a eleição acontece sem participação de promotores. E alfineta Rômulo cordão dizendo que é primeiro preciso “ter competência de investigar”.

“Você não vai ser sem estudo não, quer ser Sérgio Moro? Sérgio Moro é um homem preparadíssimo, é um homem que estudou, teve na Itália, estudou a máfia italiana, se preparou, estudou. Não basta ter, ser aloprado, não. Todo mundo hoje quer ser Moro, mas não quer estudar”, diz. E desafia, que “se não prenderem o Ali Babá e os 40 Ladrões, é porque viraram cúmplices”.

*Transcrição do áudio

“Flávio, cara eu sou um dos que, se for procurador só, se esse negócio passar, vou entregar aqui o Gaeco. Eu não faço questão nenhuma de voltar pra minha Correntezinha [cidade de Corrente-PI], a 900 quilômetros, não. Mas eu acho que o foco meu amigo, é a gente lutar para essa porra não passar. Porque se essa porra passa meu amigo, quem vai mandar neste Ministério Público, é o crime organizado amigo, tu sabe quem são as figuras, e o tanto de conchavo, de acordo, que vai ter por traz. Então amigo, acho que todo mundo que é sério, digno, honesto, que realmente é MP, vai cair em depressão. A gente vai ter que tomar é Rivotril, Diazepan, entendeu? Ou então usar droga, porque todo mundo vai cair em depressão, aí não vai mais valer a pena, ser MP não, fazer nada não. Pra quê? Se a gente está comandado por Ali Baba. Entendeu? Então eu acho que a gente tem que batalhar, agora em relação a esta questão de ocupar cargo, meu amigo, eu sou o primeiro a cair fora”

Promotor explica
Na gravação, que o promotor admite ser sua, ele diz que a aprovação da PEC representa abertura para o crime organizado, e alega que a interferência do legislativo desmotiva o MP em sua atuação. Cordão diz não saber como o áudio vazou, pois segundo ele foi enviada em uma conversa privada, com um colega. Explica que é difícil saber qual os rumos do Ministério Público após a aprovação da PEC, pois vê como “intromissão” do legislativo, que no cenário nacional faz e desengaveta leis visando amordaçar o MP. Lamenta ainda que a proposta tenha surgido no momento em que o Gaeco avançou em sua atuação no combate ao crime de colarinho branco. “Justo neste momento vem assolapar nossos direitos. Sem debate, sem a classe saber, com escamoteamento, de forma sorrateira”, pontua.

Sobre a votação ocorrida ontem, o promotor diz que a classe foi surpreendida. “Não durou dois minutos, sem discussão”. Rômulo Cordão reforça que a interferência é sinal da tentativa de amordaçar e inibir investigações. Em relação ao dito no áudio, diz que não citou nomes, e trata-se apenas da demonstração de sua indignação. Em resposta, os promotores irão recorrer ao Supremo Tribunal Federal através de uma ação direta de inconstitucionalidade.

Fonte: None

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