Ministérios da Fazenda -

Nomes escolhidos indicam uma menor intervenção de Dilma na economia;veja

A escolha dos nomes para integrar a nova equipe econômica do governo sinaliza que a presidente Dilma Rousseff está disposta a dar mais independência e autonomia para os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, sem muita ingerência direta.

Essa é a interpretação que o mercado financeiro e especialistas fizeram, nesta sexta-feira (21), após os nomes de Joaquim Levy e Nelson Barbosa ventilarem como os escolhidos da presidente para os cargos.

Fontes do Palácio do Planalto afirmam que o ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, deve ser nomeado para chefiar a pasta no próximo mandato de Dilma. Mas o ex-secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, também está na lista dos possíveis ministros da Fazenda.

A informação dada como certa é a de que os dois vão estar na área econômica do alto escalão de Dilma, um no Ministério da Fazenda e o outro no Ministério do Planejamento.

Para o cientista político da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer, os dois têm um perfil “mais ou menos ortodoxo”. A expectativa é de que eles sejam mais resistentes, por exemplo, a interferências da presidente ou às manobras de contabilidade — utilizadas pela atual equipe econômica para fechar as contas do governo.

— A grande dúvida é se ela vai deixar os dois agirem autonomamente, independentemente. Mas eu acredito que, se eles aceitarem o convite, uma das exigências é esta: vocês [Planalto] não vão mais mexer aqui no nosso quintal.

Nelson Barbosa deixou a Secretaria Executiva da Fazenda no ano passado alegando motivos pessoais. Mas, nos bastidores, a informação é de que ele não concordava com a ingerência do Planalto e com as manobras contábeis realizadas pelo presidente do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

Já Levy esteve no comando do Tesouro durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e comprou várias brigas com os petistas. Esses desentendimentos do passado demonstram que Levy também tem um perfil mais independente.

Para o professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Antônio Porto Gonçalves, os dois têm experiência e competência para assumir o cargo. Na opinião do especialista, ambos estão qualificados para recuperar a economia do País.

— As duas escolhas são bastantes boas. Acho que agora, finalmente, ela [Dilma] vai sair do Ministério da Fazenda. É muito bom ter uma pessoa de qualificação provada, que tenha experiência na esfera privada, no setor público e na vida acadêmica.

Perfis

Tanto Levy quanto Barbosa são reconhecidos pela qualificação e experiências que acumularam na área econômica.

Formado em engenharia naval, Levy tem doutorado em economia pela Universidade de Chicago e mestrado, também em economia, pela FGV (Fundação Getulio Vargas). No setor público, além de ser secretário do Tesouro, ele já foi secretário da Fazenda do Rio de Janeiro. Atualmente, trabalha no setor privado, como diretor de um dos fundos de investimento do banco Bradesco.

Já Barbosa é Ph.D em economia pela New School for Social Research, de Nova York, e atualmente se dedica à vida acadêmica. Ele é professor da FGV-EESP (Fundação Getulio Vargas - Escola de Economia de São Paulo) e do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Além do segundo posto mais importante na Fazenda, Nelson Barbosa também ocupou a Secretaria de Acompanhamento Econômico, entre 2007 e 2008, e a Secretaria de Política Econômica entre 2008 e 2010.

Na visão do cientista político da UnB, Levy seria um nome mais indicado para recuperar a confiança de investidores porque tem experiência no mercado internacional.

— Levy tem muita ligação internacional. À frente do Ministério da Fazenda, seria uma tentativa de restaurar a confiança do setor privado e dos investidores do Brasil.

Já Barbosa é elogiado pelo conhecimento que tem dos problemas atuais da economia. Para um ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa sabe exatamente como agir para recuperar o País.

— Eu tenho a impressão de que Nelson Barbosa tem mais presente os problemas que estão acontecendo, porque ele esteve lá [no Ministério da Fazenda] no ano passado. Tem muitos problemas que ele viu nascer. Ele saiu do governo e publicou muitos artigos, refletiu muito sobre a forma de superar o problema fiscal brasileiro. Ele já tem uma receita pronta.

Mercado

O mercado financeiro também reagiu bem aos nomes tidos como certos na nova equipe econômica de Dilma. Nesta sexta-feira, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão com alta de 5,02%. O dólar, por sua vez, seguiu o movimento inverso e caiu 2%, voltando a valer R$ 2,52.

O anúncio oficial de Dilma estava previsto para esta sexta, logo após o encerramento das atividades da Bolsa de Valores. Mas a presidente achou melhor confirmar os nomes somente depois de o Congresso Nacional votar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Isso evitaria que a nova equipe econômica iniciasse os trabalhos de forma conturbada, tendo de dar explicações pelos problemas fiscais de 2014.

A expectativa é de que a CMO (Comissão Mista de Orçamento) vote a Lei Orçamentária na próxima terça-feira (25). Somente depois disso, o texto poderá ser apreciado pelo plenário do Congresso.

Fonte: Com informações do R7

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