Avião caiu e matou Campos -

Lava Jato investiga dono de jatinho usado por Eduardo Campos

A Procuradoria-Geral da República determinou, em um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que a Polícia Federal investigue as relações políticas e a suposta prática de agiotagem por parte de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, um dos três empresários de Pernambuco que compraram o jatinho que em agosto de 2014 caiu e matou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB).

O Ministério Público Federal suspeita que João Carlos Lyra seja o dono da Câmara & Vasconcelos, uma das empresas que pagaram pela aeronave, vendida por 1,7 milhão de reais. Desde o ano passado, a PF investigava se os três empresários de Pernambuco eram "laranjas" usados para ocultar a compra do jato, que foi testado por Campos, dias antes de sua aquisição.

O ex-governador de Pernambuco foi um dos citados como beneficiário do esquema de desvio de recursos da Petrobras pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Aliado de Campos, o atual senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) virou investigado pela suspeita de ter negociado com Costa o pagamento de 20 milhões de reais para a campanha de Campos à reeleição no Estado, em 2010. O senador rechaça as suspeitas.

O PSB e a família Campos negam irregularidades. No ano passado, Lyra divulgou nota afirmando que comprou o avião Cessna de prefixo PR-AFA e locou para a campanha de Campos. Algumas empresas, entre elas a Câmara & Vasconcelos, teriam emprestado os valores da compra.

O nome da empresa já havia aparecido na Operação Lava Jato no fim do ano passado, como beneficiária da lavanderia do doleiro Alberto Youssef. Foi identificado um depósito de 100.000 reais em janeiro de 2011. O que não se sabia era que João Carlos Lyra seria o dono da Câmara & Vasconcelos.

As suspeitas surgiram após Youssef afirmar, em delação premiada, em fevereiro, que o depósito para a Câmara & Vasconcelos referia-se a pagamento de dívida de campanha do senador Benedito de Lira (PP-AL), de 2010.

"Seria (a Câmara & Vasconcelos) uma empresa de Pernambuco. Eu sei que era para um agiota que ele (senador) estava devendo dinheiro que ele havia pegado para terminar a campanha. Ele me falou que esse agiota era do Recife", contou Youssef.

Na petição em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou abertura de inquérito contra o senador e seu filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL), foi pedida a oitiva de Lyra e o aprofundamento das investigações sobre a Câmara & Vasconcelos. A procuradoria quer que o empresário "esclareça as transferências mencionadas e a relação com os parlamentares" e se a empresa era utilizada por ele "para atividades de agiotagem".

O senador nega recebimento de propina e irregularidades na campanha. João Carlos Lyra não foi encontrado.

Fonte: Com informações da Revista Veja

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