Delação de Luccas Pace Jr -

Justiça homologa primeiro acordo de delação premiada da Lava Jato

O juiz federal Sergio Moro homologou, ou seja, aprovou nesta quarta-feira (24) o primeiro acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, conforme a Justiça Federal do Paraná. O acordo na 13ª Vara Federal de Curitiba é referente à delação do réu Luccas Pace Júnior. De acordo com a Justiça, Pace Junior foi acusado da prática de crimes financeiros, de lavagem de dinheiro e de associação criminosa, como subordinado da suposta doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama.

Na homologação, o juiz verifica se o depoimento foi tomado dentro das regras do processo, conforme a lei e se o delator falou voluntariamente ao Ministério Público Federal (MPF). Segundo a Justiça Federal, o réu pode ter a pena reduzida, cumprir a pena em regime aberto e pagar uma multa de valor mais baixo do que as aplicadas em processos deste tipo, como prevê a lei. Não houve mais esclarecimentos pois o teor da delação é sigiloso.

Segundo Ricardo Rigotti Alice, advogado de Luccas Pace Junior, o cliente vem colaborando com a Justiça desde antes da liberdade dele, ocorrida em julho.

O que é
Deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF), a operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.

Os suspeitos, informou a polícia, eram responsáveis pela movimentação financeira e pela lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em diferentes crimes. Entre os delitos cometidos pelos supostos "clientes" do esquema estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.

Onde
Na primeira fase da operação, foram executados mandados de prisão e de busca e apreensão em Curitiba (PR) e outras 16 cidades paranaenses. Os agentes federais também cumpriram ordens judiciais em outras seis unidades da federação: São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

Presos
A Lava Jato prendeu, entre outras pessoas, o doleiro paranaense Alberto Youssef, que tem fortes ligações no meio político, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de receber propina do esquema de corrupção.

Segunda etapa
Em 11 de abril, a Polícia Federal desencadeou a segunda etapa da operação Lava Jato, com o cumprimento de 16 mandados de busca, quatro de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a acompanhar os policiais até uma unidade policial). Na ocasião, os policiais federais recolheram documentos na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Petrobras
As investigações da Polícia Federal revelaram uma suposta ligação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Yousseff. Costa admitiu à polícia que recebeu um carro de luxo avaliado em R$ 250 mil do doleiro, mas alegou que o veículo foi dado em pagamento por um serviço de consultoria. Costa disse que já estava aposentado da Petrobras à época do recebimento do carro,. No entanto, ele reconheceu que conhecia Youssef do período em que ainda estava na estatal brasileira. Costa foi preso em 20 de março enquanto destruia documentos que podem servir como provas no inquérito.

Costa Global
Documentos obtidos pela PF apontam que Costa pode ter recebido depósitos milionários do doleiro na conta de uma de suas empresas, a Costa Global. Um dos papéis, uma planilha de valores, seria uma contabilidade manual da empresa do ex-dirigente da estatal do petróleo. A planilha detalha valores em reais, dólares e euros recebidos entre novembro de 2012 e março de 2013. Reportagem veiculada no programa Fantástico, em 13 de abril, mostrou o conteúdo de uma das planilhas da Costa Global apreendidas pela PF. Os documentos mostram que o ex-diretor mantinha um controle detalhado de todas operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. Numa das planilhas obtidas pelo Fantástico, aparece ao lado do nome das empresas a porcentagem que o ex-diretor da Petrobras receberia caso conseguisse contratos para elas. Em muitos casos, a comissão é de 50%.

Deputado do Paraná
A apuração da PF também trouxe à tona indícios de ligação entre Alberto Youssef e o deputado federal André Vargas (sem partido-PR). Em março, reportagem da revista "Veja" revelou mensagens de celular entre o ex-petista e o doleiro do Paraná. Conforme investigações da PF mencionadas pela revista, os dois atuaram juntos para fechar um contrato milionário entre uma empresa de fachada e o Ministério da Saúde.

De acordo com as investigações da polícia, André Vargas ajudava Youssef a localizar projetos na administração pública nos quais poderia ser desviado dinheiro público. Além disso, o parlamentar do Paraná reconheceu que, em janeiro, viajou para João Pessoa (PB) em um jatinho emprestado pelo doleiro. Vargas alegou que conhece Youssef há mais de duas décadas e que não há irregularidades na sua relação com o doleiro preso pela operação Lava Jato. Pressionado pelo próprio partido em razão das denúncias, Vargas renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara e se desfiliou do PT. Ele também se tornou alvo de processo por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara, que pode culminar na sua cassação.

Fonte: Com informações do G1

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