Suspeito de receber propina -

Irmão de José Dirceu foi investigado por enriquecimento ilícito em Ribeirão

O irmão do ex-ministro José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, preso nesta segunda-feira (3) na 17ª fase da Operação Lava Jato, foi investigado em Ribeirão Preto (SP) por enriquecimento ilícito e processado por supostas irregularidades durante sua gestão como diretor financeiro da Transerp – empresa responsável pelo transporte coletivo na cidade.

Silva foi preso pela manhã em casa, no bairro Ribeirânia, na zona leste de Ribeirão, e foi levado de avião para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR). O mandado expedido pelo juiz Sérgio Moro contra ele é de prisão temporária, com duração de cinco dias. O ex-ministro José Dirceu também foi preso e deverá cumprir prisão preventiva por tempo indeterminado.

Nomeado pelo então prefeito Antônio Palocci (PT), Luiz Eduardo de Oliveira e Silva foi diretor financeiro da empresa de capital misto entre 2001 e 2005. Em 2009, o empresário foi alvo de uma ação civil pública, movida pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira. O processo foi julgado improcedente pelo Fórum de Ribeirão, mas ainda corre em segunda instância, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.

No mesmo ano, o irmão de José Dirceu e outros diretores da Transerp foram processados pela própria empresa por supostas irregularidades na administração no período de 1999 a 2004. A ação pedia um ressarcimento de R$ 356 mil aos cofres públicos. Segundo o Tribunal de Justiça, o processo foi extinto, depois que a Transerp desistiu da ação por danos materiais.

Durante o dia, a equipe de reportagem do G1 tentou conversar com familiares de Silva. Pelo interfone, um homem que não quis se identificar afirmou que não poderia passar nenhuma informação sobre o caso. Vizinhos contaram que a família mora no bairro há mais de quatro anos. O advogado de Silva, Roberto Podval, não foi encontrado para comentar a prisão do irmão de José Dirceu.

Esquema
A nova fase da operação foi batizada de "Pixuleco", que, segundo a PF, era o termo usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para falar sobre propina.

Silva era sócio de Dirceu na JD Assessoria e Consultoria Ltda, empresa suspeita de receber propina de empresas terceirizadas – como a Hope (recursos humanos) e a Personal (serviços de limpeza) – que fecharam contratos com a diretoria de Serviços da Petrobras, onde o ex-ministro tinha influência.

O delegado da PF Márcio Ancelmo afirmou que Dirceu e pessoas vinculadas a ele também teriam recebido recursos ilícitos em espécie e por meio de "laranjas". Os valores totais destinados ao ex-ministro não foram informados. A PF disse que já tem indícios de que a JD recebeu, de diversas empresas, R$ 39 milhões por serviços que não foram feitos.

Em acordo de delação, o lobista Milton Pascowitch afirmou que, em propinas pagas pela Hope, o grupo de Dirceu ganhava cerca de R$ 500 mil mensais. Do total, R$ 180 mil ficavam com o lobista Fernando Moura, também preso nesta segunda.

O restante "seria dividido entre Dirceu (30%), [o diretor de Serviços da Petrobras, Renato] Duque (40%) e Pascowitch (30%)", segundo afirmou em despacho o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Ao Jornal Hoje a Hope declarou, em nota, que sempre colaborou e continuará colaborando com as autoridades. A empresa "tem certeza de que, ao final das apurações, tudo será esclarecido". A Personal Service disse que vai aguardar novas informações para entender o que está acontecendo.

Fonte: Com informações do G1

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