'Aprofundaria a crise' -

Está ruim com o ministro Joaquim Levy no governo? Pois pior sem ele

O mercado financeiro aposta na continuidade de Joaquim Levy na Fazenda.

O desconforto da combinação de recessão, inflação muito acima da meta e baixa confiança dos investidores não só não prejudica a situação do ministro como o fortalece.

Prevalece a ideia de que a saída de Levy do governo aprofundaria a crise.

“Quanto mais a situação piora, mais a Dilma depende do ministro”, diz Carlos Kawall, economista do Banco Safra.O chamado fogo amigo, em que um ministro sofre críticas dentro do próprio governo, ocorreu em todos os governos do passado e também acontece em outros países. “Eu mesmo senti isso na pele quanto estive no governo”, diz Kawall, que comandou o Tesouro em 2006.

Para Kawall, a alta recente do dólar está mais relacionada à valorização da moeda no exterior, impelida pelas apostas em elevação dos juros do Fed.

Se o real apanha mais que outras moedas é porque tem mais volatilidade. Os juros futuros têm acompanhando a alta do dólar, mas mantendo taxas mais longas na casa de 12,3%, abaixo dos juros de prazo mais curto, que estão acima de 13%.

Se o mercado cobra menos taxa em prazos maiores, é sinal de não há uma aposta aberta em deterioração da economia no médio e longo prazo.

Marcelo Schmitt, gestor de portfólio na SulAmérica Investimentos, reconhece que a curva de juros não embute uma aposta na saída de Levy, cujo trabalho é considerado vital na condução do ajuste fiscal. Isto não quer dizer que não existam dúvidas.

Uma delas é sobre o tempo que Levy ficará no governo, se apenas durante o período de ajuste ou se permanecerá em uma segunda fase, quando serão necessárias medidas para restabelecer o crescimento.

Há ainda outras pedras no caminho. Ainda que Levy conte com o apoio de Dilma, o mesmo não vale para os políticos. “Parte do PT está contra o ajuste, o PMDB não quer assumir sozinho o custo de medidas impopulares e o PSDB vota contra porque é oposição”, observa Schmitt.

Também preocupa a queda da receita, causada pela baixa atividade da economia e que obriga o governo a recorrer a aumentos de impostos, que são prejudiciais à produção.

“A apreensão maior do mercado não é com o compromisso do governo com o ajuste fiscal”, diz Kawall.

Os últimos pronunciamentos da presidente Dilma e dos ministros Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, ajudaram a reduzir os receios do mercado sobre o status de Levy no governo, diz Ricardo Ribeiro, analista político da consultoria MCM.

Mas ainda restam dúvidas: Por que Levy não foi ao anúncio dos cortes do Orçamento? E o que explica a diferença de R$ 100 milhões entre o valor dos cortes anunciado (R$ 69,9 bilhões) e as estimativas do ministro (R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões)?

Para o governo de uma presidente conhecida por ser detalhista e centralizadora, uma diferença tão pequena para atingir o patamar mínimo defendido pelo ministro chamou a atenção.

“O Levy não vai sair no curto prazo. Mas ficou uma desconfiança após o anúncio do Orçamento”, diz Ribeiro da MCM.

Fonte: Com informações da exame

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