Indagado sobre bilhete pela PF -

Chefe de gabinete de Delcídio fala de presidente do Senado em depoimento

O chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira, citou o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no depoimento que prestou à Polícia Federal na última quarta-feira (25), dia em que foi preso pela Operação Lava Jato acusado de tentar atrapalhar as investigações do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. A TV Globo teve acesso ao depoimento nesta terça-feira (1º).

Em meio ao depoimento, os delegados da PF questionaram o chefe de gabinete de Delcídio sobre documentos apreendidos na residência do assessor e no gabinete do senador do PT.

Um dos papéis que chamaram a atenção dos investigadores é a anotação investigada pela Procuradoria Geral da República que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a decretar a prisão preventiva de Diogo Ferreira e do banqueiro André Esteves, dono do banco BTG Pactual.

Os policiais questionaram ao chefe de gabinete sobre a anotação que começava com “em troca de emendas” e terminava com “André Esteves”. Ao responder, Ferreira respondeu que Delcídio havia entregue o bilhete para ele no início de novembro “registrando o compromisso de falar com Renan Calheiros”. Diogo, no entanto, não informou se o encontro com o presidente do Senado chegou a ocorrer.

Procurada, a assessoria do senador disse que Renan desconhece o assunto.

O bilhete
Escrito à mão no verso de um dos documentos apreendidos pelos investigadores da Lava Jato, o bilhete falava sobre a medida provisória 608, editada em março de 2013, que tratava de créditos tributários registrados na contabilidade dos bancos.

O objetivo da MP era adequar o sistema financeiro brasileiro às exigências de um acordo internacional, chamado de Acordo de Basileia, com regras bancárias mais rígidas.

“Em troca de uma emenda à medida provisória nº 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de 45 milhões de reais", diz o texto do bilhete.

Eduardo Cunha realmente apresentou uma emenda à essa medida provisória. Nesta segunda-feira (30), contudo, o presidente da Câmara afirmou que a emenda apresentada por ele não favorecia o banco BTG Pactual. O banco, por sua vez, nega ter feito qualquer tipo de pagamento "para suposto benefício referente" à MP.

O nome de Eduardo Cunha não foi citado no depoimento de Diogo Ferreira. Investigadores agora querem aprofundar as apurações para descobrir se o chefe de gabinete de Delcídio tem mais informações sobre a anotação que cita André Esteves e Eduardo Cunha.

Delações vazadas
Diogo Ferreira também foi questionado sobre o acesso que Delcídio tinha a documentos sigilosos de delações premiadas. A PF apreendeu no gabinete do senador uma cópia da delação premiada de Fernando Soares, o Fernando Baiano. Diogo disse que o senador teve acesso a duas delações: a de Fernando Soares, conhecido como Baiano, e à minuta da delação de Nestor Cerveró.

No caso da delação de Baiano, Diogo não soube informar como Delcídio teve acesso ao documento. No caso dos anexos da delação de Cerveró – que ainda não tinha sido assinada – , Diogo informou que o advogado Edson Ribeiro, que também está preso, entregou a delação a Delcídio.

Diogo detalhou que os anexos da delação de Cerveró foram entregues em “várias oportunidades” e a entrega “começou há 3 meses”. E que no início de novembro, Edson “entregou uma versão mais completa dos anexos”, contou Diogo à PF.

Perguntado sobre o motivo de isso ter acontecido, Diogo disse presumir que o advogado entregou o documento sigiloso ao parlamentar “no desejo de ser contratado” para fazer a defesa de Delcídio.

Nestor Cerveró
O assessor afirmou, ainda, que Delcídio queria que ele monitorasse os resultados das tentativas da defesa do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, de conseguir liberdade. Diogo informou que o senador pedia que ele “acompanhasse o andamento de habeas corpus de Cerveró”.

Conforme gravação divulgada pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, Delcídio chegou a sugerir uma rota de fuga do ex-diretor para a Espanha pelo Paraguai, no caso de ele sair da prisão.

Outra anotação que dizia “Vai acabar aceitando, papel não vale nada” foi mostrada a Diogo. Ele informou que se tratava de uma bilhete em que ele queria dizer que, antes da homologação, a delação não valia nada.

Ajuda na Petrobras
Questionado sobre a anotação “+3M Notas BR”, Diogo afirmou que se tratava de um pedido do advogado Edson Ribeiro a Delcídio, para que o senador fizesse gestões junto à Petorbras para Edson receber 3 notas de prestação de serviço advocatício à Petrobras, a serem pagas pela seguradora vinculada a Petrobras. Ele citou 3 valores “ 147 mil, 500 mil e 600 mil” para as notas, segundo o depoimento.

Fonte: Com informações do G1

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