João Doria teresinense -

Teresina poderá ganhar um novo filho - João Dória, que propôs que a seca vire atração turística

Você quer ver o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB)? Procure-o em alguma cidade brasileira, menos na capital paulista. João Dória quase não tem ficado na cidade em que é o chefe do executivo.

Segunda-feira passada (7) ele esteve em Salvador/BA e foi saudado com uma chuva de ovos. Hoje, ele foi a Palmas no Tocantins e, sua vinda a Teresina, está anunciada para a próxima quinta-feira – um dia depois do aniversário de Teresina. Antes ele passará por Fortaleza.

O prefeito de São Paulo nega, mas está em plena campanha eleitoral visando a presidência da República.

Pelos planos do PSDB, o candidato natural do Partido deveria ser Aécio Neves ou Geraldo Alckmim. O tucano mineiro, depenado pelas delações da Lava Jato, agora, preocupa-se mais em organizar sua defesa; além do mais, caiu em descrédito e esta próximo do traço nas pesquisas eleitorais. O paulista Alckmim tinha certeza de sua candidatura e para tanto jogou pesado na eleição municipal passada para fazer o prefeito paulistano que seria a mola propulsora do seu pleito eleitoral.

Dória foi eleito prefeito de São Paulo e fez com Alckmim, o que Michel Temer fez com Dilma – traiu o governador dos paulistas. Geraldo Alckmim corre, agora, para abater o voo de tucaninho novo que chegou com vontade de botar os veteranos para trás.

De iniciativa do vereador Luiz André (PSL), João Dória poderá ser agraciado com o Título de Cidadão Teresinense. O presidenciável Dória pode receber a homenagem durante sua passagem por Teresina na quinta (17).

Só para lembrar os desavisados.

Em 1987, quando era presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o hoje prefeito de São Paulo, propôs reduzir a verba para obras de irrigação no Nordeste e transformar a seca na Caatinga em ponto turístico. Naquele ano, o Nordeste enfrentava uma dura estiagem.

A proposta de Doria foi feita em 30 de junho de 1987, durante visita a Fortaleza, onde se encontrou com o então governador do Ceará, Tasso Jereissati, hoje seu colega de partido, e dezenas de empresários locais – aliás este é o público com quem Dória faz reunião (os donos do capital).

O professor de Ciência Política, da UNB, Luis Felipe Miguel fez, no seu facebook, uma ótima comparação entre João Dória e Fernando Collor. Disse o professor:

“O governo Sarney terminou de fato em 21 de novembro de 1986, quando foi lançado o Plano Cruzado II - que, seis dias após as eleições, abolia o congelamento de preços que havia dado ao partido do presidente, o PMDB, uma vitória avassaladora. Depois disso, Sarney se arrastou na presidência, apoiando-se sobretudo nos chefes militares e deixando o país sem rumo.

Com o governo em frangalhos, as eleições de 1989 apareciam como um grande risco para os grupos conservadores. O candidato natural do centro político à presidência, o deputado Ulysses Guimarães, estava inviabilizado por sua associação com a gestão Sarney. O mesmo com o líder do PFL, outro sócio fundador da Nova República, o ex-vice-presidente Aureliano Chaves.

Tornava-se imperativo encontrar o "anti-Brizula", o candidato que fosse capaz de derrotar as ameaças representadas por Leonel Brizola e por Lula, então líderes das pesquisas de intenção de voto. Com o desgaste do centro, só restaria encontrá-lo em posições mais claramente à direita. Não faltaram voluntários para o posto; alguns deles, como Guilherme Afif Domingos, chegaram até a disputar a eleição. Mas quem ocupou a vaga, como sabemos, foi Fernando Collor.

Hoje, com os candidatos "naturais" do tucanato se revelando apostas certas para uma derrota, busca-se o "anti-Lula". Parece que ele será mesmo João Doria, que engoliu seu padrinho com velocidade recorde. São muitas as semelhanças com Collor: são puros produtos de propaganda, são herdeiros de famílias políticas que se apresentam como outsiders, possuem biografias muito nebulosas (para dizer o mínimo) mas se colocam como paladinos da ética, investem no surrado discurso gerencial e antipolítico para mascarar a opção preferencial pelos ricos, ocultam a incompetência administrativa com jogadas de marketing (confiando na cobertura camarada da mídia), acionam em suas falas uma agressividade fake para promover o discurso do ódio contra a esquerda.

Doria parece, na verdade, um Collor piorado: ainda mais artificial, pior orador, com menos jogo de cintura, mais teleguiado, mais prepotente, ainda mais raso e mais antipático. Mas a elite política brasileira toda piorou de lá para cá.

Marx disse certa vez que a história ocorre como tragédia e se repete como farsa. O Brasil desafia essa percepção. Collor já era uma farsa - e se mostrou uma tragédia.

Doria é a mesma coisa. No Brasil, o risco é que as farsas se repitam tragicamente.”

Fonte: None

Instagram

Comentários

Trabalhe Conosco