Crise em Brasília -

Os passos de Maranhão até a tentativa de anular o impeachment

Waldir Maranhão (PP-MA) desembarcou no domingo em Brasília com o convite para se reunir com Michel Temer no Palácio do Jaburu. Ele chegou a confirmar, mas deixou o vice-presidente no vácuo. O presidente interino da Câmara optou por se reencontrar com o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment.

A decisão de anular a sessão que aprovou o processo de afastamento da presidente na Câmara passou pela costura do governador maranhense Flavio Dino (PC do B), que reforçou ao deputado o apoio para a disputa de uma vaga ao Senado em 2018. Com o mesmo argumento, o comunista convenceu o parlamentar a votar contra o impeachment no mês passado, rara discordância do deputado com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Após conversas em Maranhão, no domingo, Flávio Dino acompanhou o interino no retorno de São Luís para Brasília, em voo da FAB. O governador regressou ao seu Estado e pretendia desembarcar em Brasília ainda nesta semana para, se preciso, descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Dilma.

Surpreendidos pela canetada do presidente interino, aliados de Maranhão avaliavam que ele atendeu ao desejo do governo por questões regionais. Na trincheira estadual, o deputado optou por rivalizar com a família Sarney, derrotada por Dino em 2014.

– Os ares do Maranhão influenciaram o Maranhão – ironizava Beto Mansur (PRB-SP), aliado de Cunha.Dino efetivou a estratégia concebida por Cardozo, que viu no afastamento de Cunha da Câmara, na quinta-feira, por decisão do Supremo Tribunal Federal, a brecha para viabilizar a anulação do impeachment.

Possibilidade de anulação era conhecida desde sexta-feira

Alçado à fama, Maranhão, então primeiro-vice, foi notificado que se tornara presidente interino ainda na manhã de quinta. Foi à Casa, adentrou o plenário e encerrou a sessão em andamento. Ainda teve reunião no gabinete que era de Cunha e sentou-se à ponta da mesa que costuma receber o colégio de líderes. À noite, falou com Dilma.

Os relatos da conversa animaram governistas. Na sexta-feira, assessores que trabalham no Planalto sabiam da possibilidade de Maranhão anular a sessão do impeachment. A informação chegou a deputados, senadores e militantes do PT. Ainda no fim de semana, nas redes sociais surgiu o movimento #AnulaMaranhao. Preocupados, emissários do PMDB procuraram o deputado, que falou por telefone com Temer, quando acertaram o encontro frustrado do domingo.

Ainda na sexta-feira, Maranhão esteve com Cunha. As versões sobre o encontro são divergentes. Do Planalto e da bancada do PT saíram afirmações de que o peemedebista convenceu o interino a anular a sessão a fim de manter controle do impeachment. Seria um recado a Temer. Cunha estaria incomodado com as versões de que o vice estaria ¿aliviado¿ por sua saída. O presidente afastado negou publicamente e disse que rejeitaria o recurso da AGU.

Atento aos movimentos do xadrez político, Cardozo também esteve com Maranhão. Na oportunidade, cobrou a resposta ao pedido de anulação por supostos erros cometidos por Cunha. Maranhão se aconselhou com Dino, que foi juiz federal. Convencido, reencontrou-se com Cardozo domingo à noite, em Brasília.

Médico veterinário, ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão, o deputado anulou a sessão sem consultar a área técnica da Câmara. Pela manhã, a Secretaria-Geral da Mesa informou ao interino que não havia previsão regimental para o ato. Maranhão deu de ombros. Derrubou a sessão e trouxe uma nova polêmica ao impeachment de Dilma.

O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), informou a integrantes do PP na noite desta segunda-feira que decidiu revogar sua própria decisão de anular a sessão da Câmara que abriu o impeachment de Dilma Rousseff. Em documentos vazados, a decisão está assinada, mas só tem valor depois de publicada, o que deve acontecer nesta terça-feira.

Fonte: Zero Hora

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