De vilão a herói -

Criticado na Justiça, Cardozo quer defender Dilma de graça até o final

O advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, volta nesta sexta-feira (29) ao Congresso para mais uma sustentação em defesa da presidente Dilma Rousseff, dessa vez na comissão especial de impeachment do Senado.

Muito criticado quando era ministro da Justiça - foi alvo de ataques até dentro de seu partido -, Cardozo hoje coleciona elogios entre petistas por sua defesa do governo.

Após encarar uma maratona dias antes da votação decisiva na Câmara, com entrevistas à imprensa e sustentações frente aos deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro agora tem se dedicado a uma campanha corpo a corpo com senadores, que inclui visitas individuais a alguns gabinetes.

Mas, apesar de seu esforço, a maioria do Senado deverá aprovar a abertura de um processo contra Dilma na segunda semana de maio. Se isso se confirmar, a presidente será afastada por até 180 dias, o vice Michel Temer assumirá o governo interinamente, e Cardozo perderá o cargo de principal advogado do governo.

O ministro, contudo, adiantou à BBC Brasil que pretende continuar defendendo Dilma em um eventual julgamento, sem cobrar honorários.

Para isso, no entanto, precisará que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República o libere de cumprir uma quarentena de seis meses sem advogar privadamente após deixar o governo.

Os integrantes do órgão cumprem mandato de três anos e, portanto, Temer não poderia alterar sua composição imediatamente.

Recentemente, o comitê recusou pedido semelhante feito pelo antecessor de Cardozo, Luís Inácio Adams, para trabalhar em um escritório de advocacia que atua em causas contra a União. Por outro lado, autorizou o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy a assumir um cargo de diretor financeiro do Banco Mundial.

"Se isso (a abertura de processo contra Dilma) eventualmente acontecer, eu vou pedir uma autorização ao comitê de ética para que possa pegar essa causa. É uma causa que eu já estou atuando. Eu não pegá-la seria um prejuízo à defesa, não uma vantagem para mim", disse.

"Não cobraria nada dela", acrescentou.

De vilão a herói
Como advogado de Dilma, Cardozo se tornou o principal porta-voz da tese de que a presidente não cometeu crime de responsabilidade e, por isso, seu impeachment seria um golpe de Estado.

"Brilhante. Dificilmente alguém faria um trabalho tão bem feito de defesa do governo como ele está fazendo", resume o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

Mas, antes de ser considerado essa espécie de herói do governo petista, Cardozo recebeu críticas a sua atuação como ministro da Justiça.

Parte do PT considerava que ele não tinha pulso firme para conter abusos da Polícia Federal. Desgastado, deixou o cargo no final de fevereiro, quando assumiu a AGU.

Questionado pela BBC Brasil sobre essa mudança de humor em torno de seu nome, Cardozo riu: "É até engraçado. As pessoas em geral têm apoiado a minha atuação (como AGU)", comentou.

"Eu acho que as pessoas que achavam que eu tinha uma posição muito afastada, o que era natural do Ministério da Justiça, estão me vendo agora em outra dimensão institucional. Na AGU, eu sou advogado, eu tenho lado", disse.Na sua avaliação, as críticas que recebia eram fruto de uma "má compreensão" dos diferentes papéis institucionais.

Fonte: IG Política

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