Escravidão -

A África foi um dos mais importantes centros de escravismo branco, mas não foi o único

Recentemente eu li um texto bem interessante que expunha sobre a escravidão branca que aconteceu no norte da África. O fato é historicamente inegável, mas pouco difundido. Nós fomos condicionados, especialmente por conta da recente escravidão de negros originários da África, que toda espécie de escravidão tem a cor negra, e assim, criou-se a ideia equivocada e preconceituosa, de que escravismo está diretamente ligado, e tão somente ligado, à opressão do branco contra o negro.

Esse fenômeno é maior ainda por um motivo: o recente tempo em que a escravidão negra aconteceu no ocidente, especialmente nos Estados Unidos e aqui no Brasil. Não há fotografias ou imagens da escravidão branca que aconteceu no lado oriental do mundo, e nem no lado ocidental, pois essa etapa se deu anterior à escravidão negra. O que há do período da escravidão branca são pinturas e textos antigos, que inegavelmente retratam esse momento.

Esse tipo de narrativa explodiu com a infame manifestação da luta pelos direitos das minorias, no caso específico aqui, o direito dos negros. Grupos que apoiam esse tipo de movimento de reparação, em sua gênesi, tem origem, influência ou ligações com os ideais da luta de classe e as propostas difundidas mundialmente pelo marxismo. A lógica é a seguinte: como os negros foram oprimidos e escravizados por anos pelos brancos, não tendo condições sociais de competir com a classe branca devido aos anos de escravidão injusta, faz-se necessário, agora, uma reparação.

Essa reparação, claro, é concedida com a intromissão do governo, que deve legislar em favor da criação de leis que reparem esse erro do passado, concedendo cotas nas universidades para negros, concedendo territórios (propriedade privada) para os chamados quilombolas, concedendo indenizações e leis de proteção especiais para negros. Assim, o governo favorece uma parcela da sociedade enquanto desfavorece a maioria da população, o que é injusto.

Mas por outro lado, é notório que o inverso não é aceito e nem mesmo cogitado. O que se sabe quanto à escravidão, num contexto de âmbito mundial, é que ela sempre foi uma constante entre povos de todo o planeta. Não era o aspecto da cor da pele que definia quem seria o escravizado, pois é fato que tribos africanas escravizavam homens e mulheres brancas. Tribos africanas também escravizaram negros de outras tribos, e faziam dessas pessoas (negros) seus escravos.

Milhões de europeus brancos foram escravizados por negros, tanto da África, como de países orientais de predominância muçulmana, os mouros, como eram denominados. Brancos também fizeram de outros brancos seus escravos, assim como também escravizaram negros. Na antiga Roma, por exemplo, a população de escravos beirava 1 milhão de pessoas no primeiro século a.D. Esses escravos eram constituídos de povos das mais diversas etnias, mas a maioria eram de brancos e a minoria era formada por negros.

O mercado de Argel, na África, retrata o comércio de escravos brancos em pinturas. No melhor dos cenários, não menos do que 1,2 milhões de europeus foram escravizados num período mais recente que envolve um universo de 300 anos (1500 a 1800). Mulheres brancas eram escravizadas e levadas aos haréns de senhores negros. Haviam ataques marítimos de barcos africanos, comandados por senhores negros, contra embarcações da Europa. Era uma caçada de negros contra brancos, que acabavam sendo capturados e tornados seus escravos.

Negros foram senhores de escravos tanto quanto o foram homens brancos. Agora, como o mundo vai reparar o direito de milhões de brancos que foram escravizados no passado? Concedendo-lhes cotas? É preciso definir-se escravidão como um sistema cruel e brutal, mas que fazia parte de uma cosmovisão que dominava todos os povos da terra. Pessoas eram escravizadas. Pessoas, e não apenas negros ou brancos. Essa luta é muito mais ideológica atualmente do que humanitária. É a velha luta de classe  revivida, a velha ideia do oprimido e do opressor. Do proletariado e do burguês. Luta de classe é um conceito marxista revolucionário que busca dividir o mundo em dois lados.

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