Novo vetor para o Zica vírus? -

Possibilidade de transmissão do Zica vírus por muriçocas é muito preocupante

O anuncio oficial da Fiocruz, realizado na semana passada, sobre a descoberta de muriçocas (Culex quinquefasciatus) infectados com o Zica vírus, aciona um sinal de alerta preocupante, porque, se for confirmado também a possibilidade de transmissão, poderemos ter que mudar radicalmente a estratégia de prevenção do Zica.

A descoberta de muriçocas infectadas com o Zica vírus, realizada pela bióloga Constância Ayres, da Fiocruz Pernambuco é realmente muito inquietante, pois acreditava-se que o mosquito Aedes aegypti era o principal vetor da sua transmissão no Brasil e agora, serão necessários novos estudos para determinar se as duas espécies estão implicadas na epidemia de zika no País.

Embora ainda sejam necessários estudos que comprovem de fato esta capacidade de transmissão pela muriçoca (Culex), uma outra descoberta da Fiocruz Pernambuco, reforça a hipótese desta possibilidade: um grupo de pesquisa percebeu que a distribuição geográfica da filariose (elefantíase) e doZika vírus em Recife é muito semelhante.

Recife é a única área em que a elefantíase é endêmica no Brasil, e o Culex quinquefasciatus é o único mosquito que transmite o parasita causador desta doença. Observou-se que aproximadamente 85% das mães que tiveram bebês com microcefalia por causa do Zika estão em áreas muito precárias, sem saneamento básico, onde também ocorre mais a filariose. Por outro lado, o Aedes aegypti, está mais distribuído na cidade, onde a dengue está presente em todas as camada sociais, não ficando restrita somente a áreas mais precárias.

Caso se confirme a possibilidade da transmissão, as estratégias de controle terão que passar por grandes modificações. Primeiro porque não existem estratégias de controle do Culex no Brasil. Pernilongos e Aedes tem hábitos muito diferentes. Como exemplo: o Culex é mais ativo à noite, o que tornaria importante a proteção com repelentes e roupas compridas também neste horário, especialmente para gestantes. Ele também prefere colocar seus ovos em locais extremamente poluídos como esgotos, fossas e canaletas, o que tornaria as medidas de saneamento básico ainda mais urgentes para diminuir os novos casos de Zika e microcefalia em cidades e bairros mais precários.

O Culex quinquefasciatus está presente em todas as áreas urbanas de regiões tropicais, subtropicais e temperadas - de clima mais frio, como países do Norte da Europa, Canadá e Austrália. Já o Aedes aegypti fica restrito às regiões tropicais e subtropicais, o que implica a necessidade de estudos que avaliem a possibilidade de transmissão do Zica vírus de todas as subespécies de Culex existente no mundo, considerando que podem ocorrer grandes variabilidades entre estas subespécies.

Fiocruz afirmou ainda que, até que se compreenda a importância do pernilongo na epidemia, a política de controle da zika continuará focada no Aedes aegypti.

Fonte: BBC Brasil

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