São 13 episódios na Netflix -

Estreia do último defensor da Marvel na Netflix decepciona, mas também surpreende

O quarto e último Defensor do universo criado pela Marvel e Netflix está entre nós. Com 13 episódios, Punho de Ferro chega ao serviço de streaming encerrando as histórias de origem do quarteto e abrindo o caminho para uma série protagonizada também por Jessica Jones, Demolidor e Luke Cage. Entretanto, será que a chegada do herói com habilidades místicas é tão bem executada como algumas das produções que vieram antes? Não, mas há muito a se considerar.

Punho de Ferro conta a história de Danny Rand (Finn Jones), um jovem norte-americano que perdeu os pais em um acidente de avião, sobreviveu e foi criado por monges durante 10 anos em K'un-Lun, na Ásia. Após aprender artes marciais e conquistar o poder do dragão Shou-Lao -- que permite a Danny canalizar seu chi nos punhos, de forma que os mesmos fiquem brilhantes e indestrutíveis por um período de tempo --, ele retorna para Nova York na tentativa de retomar o legado dos pais na Rand, empresa bilionária da família.

A série então se distância positivamente dos outros três heróis ao abordar a questão psicológica de Danny, que também precisa encontrar uma maneira de provar ao mundo que não é um impostor. O protagonista enfrenta um conflito interior entre controlar seus sentimentos, como ele aprendeu em K'un-Lun, e o desespero de lidar com sua dupla-personalidade, traumas do passado e fatos do presente. O desafio de Danny -- e na verdade de qualquer outro herói -- é encontrar o equilíbrio do alter ego.

Com essa base, Punho de Ferro poderia ter oferecido uma história muito mais convincente e, principalmente, um protagonista mais cativante. Ao contrário, a série parece mais uma "novela das 9" que pouco se esforça para construir diálogos bem elaborados e traz Harold Meachum (David Wenham) como um dos vilões mais esquecíveis da Marvel. Enquanto Danny não desperta muito interesse, são Ward Meachum (Tom Pelphrey) e Colleen Wing (Jessica Henwick) que roubam a atenção com suas reviravoltas. Ward é o único da série capaz de oferecer uma narrativa intrigante e um personagem que evoluí de forma gradual ao longo dos episódios, enquanto Colleen é a estrela dos momentos de ação. Já presença de Joy Meachum (Jessica Stroup), irmã de Ward e filha de Harold, fica perdida na narrativa com suas decisões mal explicadas.

A visão da Marvel em querer oferecer uma ambientação sombria -- e aparentemente obrigatória -- para suas séries na Netflix foi o que mais prejudicou o potencial de Punho de Ferro. Danny poderia brilhar muito mais se não fosse totalmente preenchido pela instabilidade emocional exagerada -- em um momento ele está canalizando belamente seu chi, enquanto em outra está franzindo o cenho para tudo o que vê. A sobriedade da série não combina com o personagem, e a ausência de uma pegada mais heroica faz muita falta. Ao mesmo tempo, se há algo em que Punho de Ferro acertou em cheio foi na expansão do Tentáculo, já presente nas outras séries.

O fato é que estamos falando do herói mais sobrenatural entre os Defensores -- a tentativa de aproximá-lo com Jessica Jones, Demolidor e Luke Cage, que em teoria possuem habilidades mais "normais", é compreensível. Mas nada deveria impedir de vermos Danny utilizando seus poderes para coisas mais bacanas do que somente arrebentar portas ou ricochetear balas -- e não, ele não deveria estar ainda em processo de descoberta das próprias habilidades (afinal, o cara passou um tempão em treinamento!).

Nem mesmo as lutas de Punho de Ferro são bem executadas, o que decepciona levando em conta os belos confrontos que as duas temporadas de Demolidor ofereceram. É uma falha infeliz para uma série cujos personagens são mestres em artes marciais e poderiam muito bem resultar em cenas memoráveis. Mas os cortes exagerados e a utilização de tela dividida deixam algumas lutas confusas e claramente falsas. O único brilho de ação significativo na série surge nos dois episódios finais. Um pouco tarde demais, não é mesmo?

O Veredicto
Punho de Ferro e seu próprio protagonista parecem lutar desesperadamente durante 13 longos episódios para conquistar um espaço novo e original na parceria entre Marvel e Netflix. No entanto, o que encontramos é um herói sem personalidade e uma história que não chega perto da qualidade de produções como Jessica Jones e Demolidor. Algumas das falhas da série são revolvidas nos episódios finais, em que o Tentáculo tem maior impacto sobre a história de forma a torná-la mais interessante. Ainda há esperanças para Danny Rand, levando em conta que seu intérprete -- o ator Finn Jones -- não é o problema. Talvez a aguardada reunião dos Defensores seja a dose extra de heroísmo que precisamos nas séries da Marvel. Não estamos pedindo algo próximo a Vingadores, mas apenas um produto que não pareça constantemente sóbrio e não ignore o potencial dos personagens.

Fonte: ING Brasil

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