Empresa anunciou retirada -

Odebrecht gastou toda verba em 2014 mesmo com estádio ainda inacabado

A Odebrecht anunciou sua retirada da Arena Corinthians há uma semana, declarando concluídas as obras no local. Documentos, imagens e o arquiteto, no entanto, mostram que o estádio ficou bem diferente do que foi projetado com itens inconclusos. Há uma explicação: a construtora acabou com o dinheiro disponível para a construção no final de 2014.

É o que mostra um relatório do Arena Fundo Investimento Imobiliário – FII, controlador do estádio corintiano, relativo ao segundo semestre do ano passado. O documento (que pode ser visto acima) relata que até 31 de dezembro de 2014 tinham sido gastos todos os R$ 985,026 milhões previstos por contrato para a obra. Está lá escrito que não havia previsão de nenhum investimento em 2015.

Outro documento a que o blog teve acesso, o Boletim de Avanço de obras, que é mensal, também dava a mesma informação do ano passado: o dinheiro acabara em 2014. Essas despesas foram contabilizadas sem que o estádio estivesse concluso naquele período como admitem clube e a construtora.

Trata-se de um desrespeito ao contrato entre o Corinthians, Odebrecht e o fundo para construção do estádio. Pelo artigo 15, os pagamentos feitos à construtora devem ser realizados mensalmente em consonância com o cronograma físico-financeiro. Não serão realizados pagamentos de eventos que ultrapassem o cronograma, diz o documento.

E o contrato deixa claro que o preço de R$ 985 milhões, obtido após a empreiteira inflar o valor da obra no 5o aditivo ao contrato, era fixo e global. Isso significa que tinha que inclui todos os itens necessários para a conclusão do estádio.

Um problema é que o próprio Corinthians também não estava cumprindo o contrato. Os pagamentos deveriam ser mensais, mas o clube não quitava sua dívida com a Odebrecht. Tanto que o fundo registra uma dívida de R$ 396 milhões do fundo – o que significa que a pendência é do clube – com a construtora. Esse é o valor do débito no último relatório financeiro do fundo de agosto de 2015.

Questionada sobre o fim do dinheiro sem conclusão da obra, e como isso afetou o projeto, a Odebrecht se recusou a responder. Instruiu para que se consultasse uma nota genérica do clube. Já o Corinthians afirmou que ainda está analisando o caso:

“O Sport Club Corinthians Paulista tem contrato desde 2011 com uma empresa de engenharia e arquitetura para a obra da Arena Corinthians. O clube vai acompanhar de perto o processo de vistoria sobre a entrega do estádio, e só irá se posicionar sobre o tema após o término da análise, que será feita pela empresa contratada para acompanhar o processo'', afirmou, por nota, a assessoria do clube. Mesma posição deu Andrés Sanchez, responsável pelo estádio.

A empresa contrata pelo Corinthians, do escritório do arquiteto Aníbal Coutinho, já constatou em relatório que há uma série de itens inconclusos no estádio. E, entre pessoas ligadas ao clube, havia a constatação de que a Odebrecht manteve quase parada a obra em 2015.

Mais, o blog apurou que o próprio Andrés Sanchez, responsável do Corinthians pela obra, desconhecia que o valor da obra já tinha sido inteiramente gasto até 2014. O problema é que o clube é sócio do fundo e portanto deveria saber sobre seus relatórios. Agora, a questão é se o time alvinegro vai constatar problemas na realização do estádio e o que fará a partir daí.

Fonte: Com informações do UOL

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