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Rachel Sheherazade aproveita ' fama': 'A repercussão em si não foi má'

Rachel Sheherazade, 40 anos, posou para a QUEM e falou sobre o fato de seu nome ter se tornado um dos mais comentados no Brasil. A apresentadora do telejornal SBT Brasil emitiu uma opinião sobre o caso do adolescente que foi espancado e preso nu, pelo pescoço, a um poste com uma trava de bicicleta por três homens no Rio de Janeiro. Ela despertou a ira dos defensores dos direitos humanos e está sendo acusada de incitar a violência. À QUEM, ela afirmou que “a repercussão em si não foi má”. E tentou se defender: “Jamais defendi a tortura, o linchamento ou qualquer tipo de violência. Apenas argumentei que a atitude extrema dos justiceiros em prender um infrator foi compreensível, diante da situação de abandono, de desespero, de insegurança e da sensação de vulnerabilidade que se encontram as vítimas de assaltos.”

Na TV, seu discurso foi inflamado. “No país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro (...). E, aos defensores dos direitos humanos, que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido”, disse a jornalista no ar.

Na visão de Rafael Dias, pesquisador da Justiça Global, ONG que defende os direitos humanos, as duras palavras de Rachel são, sim, uma incitação à violência: “É uma declaração que afronta os direitos fundamentais, a ética profissional, o Estatuto da Criança e do Adolescente. A jornalista fez apologia à violência e um desrespeito a uma causa, a dos defensores dos direitos humanos, como se isso fosse uma categoria. A defesa dos direitos humanos é própria da cidadania. Todos deveriam defendê-los. Agora, se ela não se entende como defensora dos direitos humanos, sendo uma jornalista e uma pessoa pública, isso mostra o quanto estamos atrasados.”

Rachel justifica o que chama de “ataques” por ter, segundo ela, “denunciado a atuação dessas entidades”. E as critica duramente. “(São) Tão solícitas e atuantes para defender os interesses de criminosos e tão omissas para acolher as vítimas desses bandidos! Assim como os criminosos, as pessoas de bem também merecem e precisam do apoio dos direitos humanos”, disse a QUEM. O pesquisador da ONG rebate e diz que a opinião da apresentadora é chocante. “As investigações depois mostraram que esse grupo, de jovens de classe média alta do Rio, seria o mesmo que já tinha atacado homossexuais e moradores de rua. Veja só. Ela está defendendo essetipo de ação? É muito preocupante um aval desse tipo a uma ação de barbárie! A apologia da violência é chocante nas palavras da jornalista”, afirma Dias.

NOTA DE REPÚDIO

A polêmica continuou com uma nota de repúdio enviada pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Eles se manifestaram “radicalmente contra a grave violação de direitoshumanos e ao Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros representada pelas declarações da âncora”. Na nota, ainda dizem: “O desrespeito aos direitos humanos tem sido prática recorrente da jornalista”. O sindicato também cita pontos do Código de Ética referentes aos direitos humanos, entre eles aquele que diz que não se pode “usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime”.

Rachel assume total responsabilidade pelo texto. “Escrevo tudo o que falo. E, no meu espaço de opinião, só falo o que escrevi. O SBT nos dá total liberdade de expressão. Nossas opiniões não passam por qualquer tipo de censura ou triagem.” Em nota, o SBT reafirma que a opinião é de total responsabilidade de Rachel e “ressalta que a opinião é da mesma, e não do SBT”.

Bem FamÍlia

Rachel foi contratada pelo SBT a pedido do próprio Silvio Santos, em 2011. Na época, um vídeo em que a então jornalista da TV Tambaú, afiliada ao SBT, criticava o Carnaval caiu na internet. “(O vídeo) virou hit nas redes sociais e chamou a atenção do Silvio Santos. Acabei na bancada do principal telejornal da emissora, e hoje, divido a bancada com o grande amigo e mestre Joseval Peixoto.”

A QUEM, ela se descreve como cristã e “muito família”. Casada com o empresário Rodrigo Porto desde 2005, tem dois filhos: Clara, 7 anos, e Gabriel, 6. “Pela manhã, sou mãe em tempo integral. Cuido dos meus filhos. Oriento as lições de casa. Levo as crianças para o balé, natação, aulas de inglês. A família sempre almoça junta, já que no jantar não estou presente por causa do SBT Brasil. Depois, vamos deixar ascrianças na escola. À tarde, vou para a emissora. No caminho até o SBT, sigo ouvindo o noticiário no rádio. Chego cedo, vejo as matérias que estão pautadas. Leio as matérias mais relevantes dos principais jornais online. Então, escolho o tema que vou opinar.”

Reconhecida Na Rua

Rachel também conta que é reconhecida na rua. “(As pessoas) São sempre muito gentis, educadas. Pedem para tirar fotos, pedem autógrafos, o que acho curioso, pois não sou artista, celebridade. Elas dizem o quanto admiram minha coragem em falar verdades que poucos ousam falar. E perguntam se sou durona o tempo todo. Respondo que não! Normalmente, sou bem calma e introspectiva. Também encontro muitas pessoas religiosas – sou cristã e deixo isso claro nos meus comentários. Elas são muito especiais: me abençoam, oram por mim. E dizem: ‘Você é a única jornalista que fala de Deus na televisão. Você nos representa!’.”

No SBT, existe uma parcela de descontentes com a atuação de Rachel. Uma fonte na emissora disse a QUEM que existe uma máxima repetida entre eles: “Rachel não nos representa”. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) entrou com uma representação no Ministério Público em relação à jornalista, pelos seus comentários. “Incitação a tortura e linchamento é crime. Vai responder por isso”, escreveu Ivan em suas redes sociais.

Rachel tenta amenizar as críticas. E garante que até já mudou de opinião muitas vezes. “Há muitas opiniões divergentes das minhas. Não há problema nenhum em discordar. Não temo o contraditório, aliás ele é sempre bem-vindo porque nos abre novas janelas de conhecimento. Graças ao debate sadio e respeitoso com outras pessoas, já cheguei a mudar posicionamentos antigos, como a questão do financiamento público de campanha, que hoje condeno.”

Fonte: Com informações da revista Quem

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