Aguinaldo Silva dispara que índios não entram em novela porque não compram

Em um texto de 132 caracteres, o autor Aguinaldo Silva tocou em uma ferida da telenovela brasileira. "Sabe por que não tem índio em novela? Porque não compram porcaria nenhuma. Já gay consome pra caramba, os patrocinadores adoram isso", escreveu na noite de sábado (19) no Twitter.

Seria essa lógica meramente comercial que explicaria, então, porque uma novela como Além do Horizonte, apesar de se passar na Amazônia, ter índios apenas como figurantes. Ou o fato de apenas atores brancos interpretarem indígenas, como foi o caso recente de Cléo Pires em Araguaia (2010).

Na era das cotas raciais, os índios estão fora da TV, sub-representados ou representados por brancos. Aguinaldo Silva merece o "troféu sinceridade" por tocar no assunto sem hipocrisia. É o poder de consumo que determina a representação que se tem na televisão. Apesar de "estar assim de índio que compra camionete Pajero", eles não têm espaço na TV, porque compram "na moita", especula Silva.

O curto texto de Silva também é uma justificativa da "invasão" de homossexuais em Falso Brilhante, sua próxima novela. Na história haverá uma certa diversidade de gays. José Mayer, Kleber Tolledo e Ailton Graça interpretarão personagens dúbios ou declarados.

"Meu Deus, não acredito, vai sair fuego nesta novela: em Falso Brilhante, José Mayer e Kleber Tolledo serão um casal romântico!", propagandeou Silva na mesma sequência de tweets. Na novela, Mayer será um cerimonialista casado que se apaixona por um homem (Tolledo). Ailton Graça abandonará os papéis de machão e malandro para viver um cabeleireiro afetado, com o nome de "guerra" de Xana Summers. Ainda no Twitter, Silva afirmou que Falso Brilhante terá um gay tipo "nim", que são "os caras que transam com gays, mas não se veem como tal".