Em debate entre presidenciávei -

Em sabatina, PSDB propõe mudanças na prova do Enem; confira detalhes

Em meio ao clima de baixarias e troca de ofensas que vem dominando a campanha eleitoral, os dois candidatos à Presidência da República parecem concordar ao menos em um ponto: o ensino médio é o maior gargalo da educação no Brasil. A afirmação foi repetida incansavelmente pelos representantes de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) durante sabatina sobre educação, realizada nesta terça-feira na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. O atual ministro da Educação, Henrique Paim, e a coordenadora de educação do programa de governo do candidato tucano, Maria Helena Guimarães Castro, foram os convidados do evento promovido pelos autores do Mapa do Buraco, manifesto pela melhoria da educação brasileira, e pelo movimento Avaaz.

Durante o debate, os representantes dos presidenciáveis mostraram preocupação em reformular o currículo do ensino médio, com propostas de aproximá-lo do mercado de trabalho e de torná-lo mais atrativo aos estudantes. Para a representante do PSDB, contudo, a mudança passa obrigatoriamente pela reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — principal porta de entrada para o ensino superior e uma das bandeiras do governo do PT no setor. "O ensino médio vai mal porque o Enem engessou o sistema. O aluno ingressa no primeiro ano dessa etapa e já começa a fazer curso preparatório para o exame. Ou seja, o Enem virou o currículo. Isso está errado", criticou Maria Helena, enfatizando que é preciso flexibilizar os conteúdos que são ensinados aos estudantes.

De acordo com a representante do candidato tucano, que já atuou como secretária de Educação de São Paulo (2007-2009), o currículo do ensino médio — assim como o Enem — é "desconectado do mundo real" e merecerá atenção do próximo governante. "O currículo atual é esdrúxulo. Tem treze disciplinas obrigatórias, mas deixa o aluno com deficiência em português e matemática. Isso causa um problema gravíssimo para a juventude, que fica sem condições de enfrentar o ensino superior e, tampouco, o mercado de trabalho", avalia. A proposta do PSDB, segundo a representante, é mudar o currículo a partir de uma base comum de disciplinas, que seriam ministradas em um ano e meio. Após essa etapa, o aluno poderia optar pelo ensino técnico ou por aprofundar os estudos em uma determinada área. "É possível fazer a mudança. Vamos negociar um projeto de lei com Estados para não ter que mexer na legislação."

O Enem, explica Maria Helena, seguiria a mudança no mesmo passo, cobrando apenas as disciplinas de língua portuguesa e de matemática. Os demais conteúdos seriam optativos. "Pela nossa proposta, o exame continuaria a ser aplicado em todo o país, mas precisaria evoluir para um sistema mais amigável ao estudante, Ele também deveria ser realizado pelo menos duas vezes por ano e não apenas uma vez. É possível pensar em mudanças sem acabar com o Enem", acrescentou.

PT – O ministro da Educação defendeu o modelo atual do exame, que deverá ser continuado caso Dilma seja reeleita, e descartou a possibilidade de realizar mais de uma avaliação por ano. "Estamos concentrados em fazer bem uma única edição. Nosso esforço é nessa direção. Temos um crescimento no número de inscritos de 20% ao ano, que implica em um desafio logístico muito grande. Precisamos melhorar os controles e a segurança para que o Enem possa ser o grande instrumento de democratização da educação."

Paim também aproveitou a sabatina para defender as ações dos governos de Lula e Dilma no setor e afirmou que foram os petistas que inseriram as matrículas do ensino médio no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). A medida, segundo ele, garantiu mais recursos para essa etapa da escolarização. "O ensino médio teve atenção muito tardiamente. Criamos as bases de funcionamento e agora precisamos discutir a aprendizagem."

Ainda de acordo com o ministro, a proposta de Dilma é reorganizar o currículo da educação brasileira e promover mudanças no ensino médio, incluindo recuperação das disciplinas que impõem mais dificuldades aos estudantes e aproximando as disciplinas da formação profissional. "Estamos nesse momento elaborando a Base Nacional Comum, que ajudará a rever esse aspectos."

Fonte: Com informações da Veja

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