Drama de diversas famílias -

Incêndio em assentamento: o menino que perdeu a bicicleta e mais histórias que o fogo causou

Várias famílias que tiveram seus barracos incendiados neste domingo (15/10) no assentamento Oito de Março e é cada história de perda pior que a outra. O cenário é de desolação, pessoas que viram tudo que tinham virar cinzas e o sonho de ter uma terra para morar ficar mais longe.

 O fogo iniciou por volta de 12h e destruiu a moradia de mais de 200 famílias que há um ano estavam no local e tentavam fixar residência através do Movimento Sem Terra. O Assentamento fica localizado no Povoado Chapadinha Sul, Zona Rural de Teresina, próximo ao KM 22 da BR-316, que liga a capital ao município de Demerval Lobão. Da área que antes era ocupada por diversos barracos, restaram apenas cinzas, fumaça estacas queimadas e objetos de metal que resistiram ao fogo, mas estão inutilizados. Uma menina de dois anos, que residia com a mãe próximo ao local onde começou o incêndio, não conseguiu escapar e morreu carbonizada.

HOMEM QUASE MORRE TENTANDO AJUDAR OS COLEGAS
Seu Meireles tem 57 anos e mora em um assentamento próximo, ao ser avisado que havia fogo no ‘Oito de Março’, correu para ajudar de alguma forma.

“Sabia que alguma coisa estava acontecendo e nós tentamos derrubar alguns barracos para o fogo não ter continuidade, quando a gente derrubou algumas barracas o fogo amenizou, mas enquanto um deles caia, não tive condições de sair e ele caiu por cima de mim. Fiquei totalmente coberto, a minha sorte é que tinham alguns meninos perto de mim e conseguiram me tirar, o fogo estava bem próximo, então eu agradeço muito primeiro a Deus, porque eu não conseguia pedir ajuda, mas eles viram quando o barraco caiu em cima de mim. Deslocou o meu braço, o ombro teve fratura, a costela pegou bastante pancada, mas não fraturou, a gente está aí contribuindo mesmo com essa dor, mas esse momento a gente deixa tudo pra ajudar as famílias que estão precisando, nós estamos na luta e vamos conseguir cooperar com fé em Deus”, disse.

Homem quase morre durante incêndio
Homem quase morre durante incêndio    Foto: Emanuel Oliveira

A CRIANÇA QUE NÃO SE CONFORMA EM TER PERDIDO A BICICLETA
Luciana de Sousa Lima é dona de casa, tem dois filhos, mas na hora que o fogo começou não estava no assentamento, estava visitando a mãe, mas foi correndo para lá assim que recebeu a notícia. “Eu vim correndo pra cá. Só as cinzas mesmo, acabou tudo mesmo, não ficou nada, meus cartões de vacina, os documentos deles, rede, cama, meus pertences todos”.

Mãe fala do drama vivido pelo filho
Mãe fala do drama vivido pelo filho    Foto: Emanuel Oliveira

Mãe de um menino de quatro anos e outro de nove, ela teve que ir para a casa da sogra apenas com a roupa do corpo. “Espero que venham coisas boas, muitas coisas boas, esperar a liberação das coisas que é o que a gente está esperando mesmo”, disse.

Luciana comentou com o 180 que seu filho menor entrou em prantos ao saber que a sua bicicleta havia sido queimada. “O meu pequenininho, o pai dele disse que a bicicletinha dele queimou todinha, ele se jogou no chão chorando, se acabando, a bicicleta não prestava muito, mas andava empurrando ela, ainda hoje ele fala na bicicleta dele. Ele era muito apegado à bicicleta”, disse.

VÁRIAS PESSOAS DORMIRAM EM CADEIRAS
Dona Maria Meireles tem um filho que mora no assentamento e acompanhou o drama de várias famílias que não tinha onde dormir, beber e até tomar banho. Ela conta que várias pessoas dormiram em cadeiras e precisam de doações pelo menos de redes.

“Agora tão precisando muito também de rede, que queimou os colchões, queimou tudo, então pelo menos viesse umas redes, é por que tem muita gente precisando, precisando muito mesmo, o meu menino ontem, dormiu foi nas cadeiras, e vários outros.

Noite foi difícil para os moradores do assentamento
Noite foi difícil para os moradores do assentamento    Foto: Emanuel Oliveira

O DRAMA QUE QUEM TESTEMUNHOU TUDO
Dona Maria Alves mora há um ano e meio no assentamento e seu barraco foi um dos únicos que não foram incendiados. Ela relatou ao 180 os momentos de terror que viveu.

“Foi horrível, foi um fogo imenso, meu Deus, não sei nem expressar pra você como o fogo foi horrível, todo mundo correndo, todo mundo chorando, as crianças todas correndo e o fogo vindo pra cima. Até a noite ainda tinha fogo, gente correndo com água para apagar o fogo, as faíscas de fogo que a gente estava com medo de vir pras barracas, ainda ficou alguns barracões que não queimaram, cinco de um lado e quatro do outro”, diz.

Mais de 200 famílias viveram momentos de pânico
Mais de 200 famílias viveram momentos de pânico    Foto: Emanuel Oliveira

COMO AJUDAR AS FAMÍLIAS
Doações podem ser feitas no Conjunto Redenção, Quadra I, Casa 11 (Referência: Segunda rua por trás do Lord Hotel), ou diretamente às famílias no local, cujo acesso é pela BR-316, altura do Km 22, ao lado da Unidade Escolar Manoel Nogueira Lima. Informações através do telefone 3218-3935.

VEJA OS VÍDEOS DA DEVASTAÇÃO NO LOCAL

 

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