Valdsom Braga -

Conheça a biografia do artista visual Valdsom Braga

Valdsom Braga artista Visual

Quando o criador de todas as coisas sonhou com um coração livre e puro, Ele projetou numa criança ainda em tenra idade a visão de uma mulher que mesmo sendo uma imagem falava comigo sobre o amor. Era a imagem da mãe de Jesus e ali comecei a percebê-la e reproduzir o que era gerado no meu coração. Começa ali a vida de uma pessoa que, mesmo sem perceber, já se tornava envolvida com a arte e com tudo o que ela me traz.
Nasci numa cidade do Pará, precisamente em Marabá, no ano de 1982, onde ao lado de minha família fui crescendo e desenvolvendo a arte com papelão, garrafa pet e a cada manhã aquilo que nascia tão inocentemente das mãos de uma criança tomava forma de profissão. Fui ao poucos sendo convidado para eventos, para ajudar na cenografia.
O filho caçula de um casal que ainda representa a realidade de muitas famílias hoje teve a dor de não ter um lar estruturado e que por muitas vezes viu o álcool roubar através daquele que deveria ser o exemplo à identidade da família, a identidade dos filhos. Esse caçula que teve o seu nome gerado pela junção do nome dos irmãos, sendo isso para mim falta de criatividade, não teve sobre si o projetar de sonhos e da visão do que me tornaria. Tenho sobre mim o entendimento da importância de sonhar, a visão do quanto é precioso olhar para o outro com expectativas e desejos e me tornei um indivíduo que sonha e que gera o melhor que há em todos a minha volta.
Mesmo com tantas dificuldades familiares busco trazer à memória o que me dá esperança e mergulho neste instante nas boas lembranças de quando era procurado pelos colegas e professores de escola para ajudá-los nos trabalho que envolviam arte. Tudo o que tinha relação com preparação de mural e datas comemorativas da escola tinha também meu nome envolvido. Muito cedo eu deixei o Pará e fui trabalhar em outras cidades, sempre com o objetivo de ajudar financeiramente a minha mãe. Meu pai havia sido um homem muito próspero financeiramente, só que o alcoolismo o fez perder tudo, desta forma tudo o que eu fazia tinha o intuito de melhorar a vida da minha mãe.
Fui me tornando cada vez mais conhecedor de tudo que tem a ver com o mundo das artes e isso me levou à cidade do Rio de Janeiro para trabalhar com uma das maiores instituições no ramo. Cresci muito naquele lugar, fiz muitos cursos e realizei muitos trabalhos especiais. Fiz grandes amizades e posso dizer que me sentia realizado com o que fazia. Só que no meio disso tudo uma ligação muda toda a minha vida. Recebi uma chamada da minha mãe, na qual ela me disse que tinha aparecido um nódulo no seu seio. Isso foi algo que tirou toda a minha estrutura de alma. Sempre tive uma ligação muito forte com minha mãe, ela sempre foi uma base para minha vida. Chegou o momento que tive que tomar uma decisão e não tive a menor dúvida entre a minha vida profissional e a minha vida como um filho que sempre foi amado por sua mãe. Joguei tudo para o alto e me tornei o cuidador dela.
Deixei todas as coisas e mergulhei naquilo que chamo de retorno ao lar. Fui confrontado com todos os meus temores, anseios e inquietações internas. Tive que me deixar desconstruir e aprender a caminhar de uma forma que nem eu sabia que poderia. Ver aquela que era minha força sofrer em silêncio para que eu não sofresse e não me sentisse em desespero. Ver essa força que se manifestava como raios de sol em meio à escuridão me fez enxergar um caminho que me levou a descobrir um homem que jamais imaginei ser.
Foi neste processo de total mudança que precisei de algo que me ajudasse a suportar tanta dor e que ao mesmo tempo me desse chão para pisar, já que o meu chão se mostrava sem sustentação. E nesse momento, por orientação de minha mãe, volto-me para alçar voos mais altos e me vejo conquistando a entrada para o curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Piauí, o que me garantia, sem dúvida, um tempo certo nesta cidade.
O efeito daquela ligação que me modificou a vida durou por aparentes longos dez anos, esse foi o tempo que levei para conviver com o câncer e me despedir daquela que tanto me amou e ensinou. Ela vive em tudo o que faço e continuo a seguir tudo que de bom ela me ensinou. Depois da sua partida permaneci no Piauí e fui reconstruindo os sonhos e fortalecendo o que me fez suportar todo aquele tempo.
Nessa terra que havia me recebido num momento de tanta dor e me acolhido como um dos seus eu conheci aquela que se tornou o grande amor da minha vida, minha esposa, amiga, minha companheira em todos os momentos. E juntos estamos escrevendo uma nova história em nossas vidas e na vida daqueles que se tornarão nossa geração.
Nesta nova caminhada descobri novos amigos, novos rumos e escolhas e um belo dia no meio de uma multidão ouço a voz de uma amiga que havia feito parte das oficinas de teatro que realizei na Universidade Federal do Piauí. Esta me chama e diz que eu precisava fazer parte de um projeto que envolvia mulheres e que se chamava “Mulheres de aço e de Flores”.
Esse projeto veio para suprir um desejo antigo guardado no meu coração: trabalhar num presídio e ter a oportunidade de contribuir com a vida de pessoas que não têm facilidade de se integrar com a sociedade.
Depois de conhecer aqueles que abriram para mim as portas de acesso ao Presídio Feminino de Teresina, deparo-me com 140 mulheres e peço para ter um momento com todas elas no ginásio. Ali mostrei para todas elas que sou uma pessoa igual a cada uma delas, tendo defeitos e qualidades e que eu me encontrava ali para dividir com elas tudo o que a vida me havia ensinado. O nosso primeiro momento foi uma troca de valores de vida e de imediato fui presenteado com o relato de uma das “meninas” a me revelar que havia tentado destruir sua própria vida na noite anterior e que após ouvir o que com tanta simplicidade eu havia dito, ela encontrou naquelas palavras força para querer continuar e a Deus pediu uma nova chance de seguir e amar. Realizado nosso primeiro momento sai dali mexido e determinado a dar o meu melhor.

teatro “Dois Perdidos Numa Noite Suja”
A peça tem direção de Sílvio Guindane e é protagonizada pelos atores André Gonçalves e Freddy Ribeiro.

Valdsom Braga e Regina Duarte

Henri Castelli valdsom Braga e Fernanda Vasconcellos

Valdsom Braga Cenógrafo, figurinista, diretor de arte, arte educador e artista plastico .

primeira vez no Brasil que mulheres em carcere privado saíram do sistema prisional para apresentar uma peça de teatro . produção direção figurino e atuação Valdsom Braga.

Fonte: None

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