Conheça o projeto -

Projeto social cria 'Big Brother felino' para incentivar a adoção de gatinhos

As unhadas que Carolina Demazi, 30, levou quando criança, cicatrizaram como trauma. Ela detestava gatos. Mesmo assim sua mãe adotou Nina há uma década. A gatinha chegou a trazer transtornos à família. Carolina ficou um ano sem aparecer na casa da mãe. Mas quando resolveu ceder e enfrentar o medo, viu que Nina não era traiçoeira, nem alheia ao seu afeto, como imaginava. Essa conquista, anos depois, foi o gatilho para abdicar de um emprego bem remunerado e do lazer para salvar gatos.

Seus avós e sua mãe venderam seus imóveis e compraram uma casa maior no centro de Florianópolis. Carolina foi morar com eles, reservou um espaço para abrigar os bichanos e dispensou o cargo como gerente de um badalado estúdio fotográfico. Assim nasceu, há dois anos, o projeto "Adote um Ronrom".

Em outubro do ano passado, foi criado uma espécie de "Big Brother" felino para estimular ainda mais a adoção. Câmeras exibem ao vivo o dia a dia dos gatos. Até o momento é o único projeto social do Brasil a transmitir 24h o que ocorre dentro da casa. Já foram adotados 80 gatos, 120 foram resgatados e 28 recebem auxílio --nesse último caso, são gatos que vivem nas ruas e são ajudados pelo projeto.

Antes de idealizar o próprio empreendimento social, Carolina trabalhou em diversas ONGs que resgatam animais abandonados, Por essa experiência, quis que os gatos que abrigasse desfrutassem de um local limpo, espaçoso e confortável, o que muitas vezes é inviável nos abrigos. "Não queria ser a tia louca dos gatos. Que adota sem limites e os mantém confinados, sujos e comendo qualquer coisa", disse.

Os gatos recolhidos da rua passam por triagens, exames veterinários, vacinações, tratamentos com vermífugos e castrações.

O projeto abriga 30 felinos. Em média, cada gatinho, se estiver saudável, custa R$ 120 por mês. No entanto, Carolina prioriza casos mais graves. Animais atropelados, doentes ou torturados, como Fênix, que foi queimado vivo.

Todas as despesas são pagas com doações, vendas de objetos da lojinha (canecas, chinelos e chaveiros) e através de assinaturas do Clube do Ronrom, que dá acesso ao portal de transmissão. Até o momento, há cem assinantes e 30 mil curtidas na página do projeto no Facebook: https://www.facebook.com/AdoteUmRonrom/?fref=ts

Quase 40 voluntários trabalham no resgate, no tratamento e nas campanhas de adoções, mas apenas Carolina passou a receber um salário neste ano, por decisão do grupo.

Não é pouco o que ela faz pelos animais, além dos 30 gatos do projeto, cuida dos 19 gatos da família e de um cachorro. Todo o dia, limpa a sujeira de 50 bichos.

Também há o desgaste emocional. A fanpage do projeto é bombardeada por pedidos de socorro, mas para garantir a qualidade de vida dos abrigados, ela precisa dizer não a outros gatos.

Tem quem não entenda. Não são poucas as ofensas que Carolina recebe.

"Ano passado fiquei deprimida. Abri mão da minha vida para cuidar deles. Fiquei sem dinheiro para nada. Não tinha nem para comida. Também me sentia cansada, por que não damos conta de suprir a necessidade de todos os animais. Por mais que a gente resgate sempre haverá bichos na rua. Isso entristece. Mas cada gato que salvamos, tratamos e doamos recompensa todo o sofrimento", disse.

Pós-adoção
Mais do que encontrar donos, o "Adote um Ronrom" quer assegurar a qualidade de vida dos gatos, acompanhando também o período pós-adoção.

Há voluntários que trabalham apenas com essa missão. O resultado é bom, apenas três gatos foram devolvidos. Já Carolina realiza eventos com os adotantes, para saber se eles têm alguma necessidade.

Também há um movimentado grupo no WhatsApp, onde os donos trocam fotos, vídeos e informações sobre os gatos. Muitos se encontram para que os amimais revejam os amigos.

Silvia Letiz é assídua no WhatsApp do grupo. Ela adotou o Carvão e o Joe, gatos pretos, que costumam ser rejeitados por crendices populares. Carvão foi atropelado, sofreu fraturas na pata, os voluntários o resgataram em um dia de chuva. Ele passou por um longo tratamento antes de conhecer Silvia. Fazia até sessões de acupuntura para sanar as dores.

"Sempre quis um animal, mas moro sozinha em um apartamento. Ficava com pena de deixar um bichinho me esperando o dia inteiro. Mas, eles se viram bem, cuidam um do outro, e quando chego do trabalho brincamos. Foi minha melhor escolha adotá-los", conta Silvia.

Caso queira conhecer o projeto, acesse: http://www.adoteumronrom.com.br/

 

Fonte: UOL Notícias

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